A insegurança em relação às contas públicas e as dúvidas sobre a estratégia do Banco Central no mercado de câmbio têm alimentado a alta do dólar. Ontem, a divisa subiu 0,16% e terminou o dia cotada a R$ 2,33 para a venda. Para amenizar a tendência de elevação, o BC antecipou a primeira parcela da rolagem dos contratos de swap cambial (equivalentes à venda de moeda no mercado futuro) que vencem no início de dezembro e renovou operações no valor de US$ 988 milhões.
Os vencimentos somam US$ 10,1 bilhões, mas a autoridade monetária já anunciou que fará novas operações nesta semana. O cenário, no entanto, é desfavorável ao BC. Há sinais de recuperação da economia dos Estados Unidos, o que pode levar o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), a dar início à redução do programa de estímulo que injeta US$ 85 bilhões por mês no mercado.
“O ambiente de aversão ao risco enfraqueceu as moedas emergentes ao redor do mundo. No Brasil, esse movimento se agregou à repercussão dos dados fiscais ruins de setembro e levaram o real a ser negociado acima dos R$ 2,30”, explicou o economista-chefe do Itaú, Ilan Goldfajn. Ele ainda destacou a fuga de investidores no mês passado. “Outubro registrou saídas de US$ 6,2 bilhões, dos quais US$ 5,1 bilhões em fluxo financeiro, o maior volume desde dezembro de 2012”, adicionou.
Tributos
Sem condições de formar um superavit primário consistente e preocupado com as contas externas, o governo decidiu facilitar a vida de bancos e empresas. Vai perdoar parte da dívida tributária de grandes devedores e criou condições facilitadas para quem trouxer lucros de subsidárias no exterior para o Brasil. O objetivo é receber até R$ 12 bilhões em recuperação de débitos e melhorar as contas externas.
A decisão foi publicada ontem no Diário Oficial. Pela Medida Provisória nº 627, as empresas, em 2014, podem optar por aceitar ou não as novas condições. No ano seguinte, porém, as normas serão obrigatórias. “Acredito que teremos uma grande adesão. Essas regras facilitam o acerto das contas com o Fisco”, observou o secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto. As multinacionais terão até cinco anos para quitar tributos sobre os lucros. Atualmente, 100% do imposto tem que ser recolhido no ano em que o dinheiro entra no Brasil. “