Os investimentos anunciados para o Espírito Santo superaram, pela primeira vez na história, a cifra de R$ 100 bilhões. São R$ 100,691 bilhões mais precisamente. Esse é o valor que empresas e governos federal, estadual e municipal devem investir no Estado entre 2011 e 2016. Trata-se de empreendimentos anunciados e muitos já em execução. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Jones dos Santos Neves.
Só entram na conta investimentos acima de R$ 1 milhão. Ao todo, o Instituto Jones listou 1.373 projetos, 244 a mais que entre 2010 e 2015, período em que a carteira de investimentos do Estado bateu em R$ 98,8 bilhões. Quando todos esses projetos estiverem operando, serão 50 mil novos postos de trabalho.
As commodities continuam a ditar o ritmo dos investimentos no Espírito Santo. Só a extração de petróleo e gás natural vai consumir R$ 26,82 bilhões nos próximos quatro anos. Os grandes projetos industriais também giram no entorno das matérias-primas. O maior deles, a Companhia Siderúrgica de Ubu, ainda sem cronograma, está orçado em R$ 10 bilhões. O Complexo Gás-Químico que a Petrobras quer inaugurar em 2017 em Linhares, sairá por US$ 4 bilhões (R$ 8 bilhões).
"Claro que ainda somos dependentes de alguns segmentos, mas aos poucos estamos diversificando a nossa economia. O Complexo Gás-Químico já é uma forma de agregarmos valor ao gás extraído aqui no Estado. O mais importante é que os empreendimentos estão vindo. Os investimentos previstos para Bahia e Pernambuco só chegam ao nosso se forem somados", pondera o secretário de Desenvolvimento do Estado, Márcio Félix.
José Edil, presidente do Instituto Jones, defendeu a estratégia. "Esses grandes investimentos devem servir de âncora para o Estado. Cabe a nós potencializar o que já está aqui".
Por região
O que também não mudou muito foi o rumo tomado pelos recursos. O Litoral Sul, com R$ 45,76 bilhões em investimentos anunciados, 45,5% do total, permanece na primeira colocação. A Região Metropolitana, com R$ 25,33 bilhões (25,2%), está na segunda colocação, a mesma de 2011. A Região Rio Doce, capitaneada por Linhares e Aracruz, vem em seguida com uma previsão de R$ 21,5 bilhões em investimentos.
Félix reconhece a concentração e afirma que isso deve começar a mudar nas próximas fotografias. "Estamos trabalhando para atrair mais investimentos para as regiões de São Mateus, Colatina e Cachoeiro. Seriam âncoras que provocariam impactos em todas as cidades do entorno. Nos próximos um ou dois anos notaremos a diferença". CSU na lista, mas em xeque
Empreendimentos de impacto na carteira de investimentos anunciados no Espírito Santo passam por um período de incertezas. A Companhia Siderúrgica de Ubu, projeto da Vale para a produção de 5 milhões de toneladas de aço por ano, orçada em
R$ 10 bilhões, encontra-se sem cronograma.
Anunciada com pompa em 27 de agosto de 2009, pelo então presidente da companhia, Roger Agnelli, a previsão inicial era de que as obras da nova siderúrgica começassem em 2011. A inauguração era prevista para 2014. Passou o tempo, a crise mundial não passou, Agnelli deixou o comando da Vale e o cronograma da CSU avança vagarosamente.
O projeto da siderúgica viabiliza a construção da Ferrovia Litorânea Sul, maior projeto de transporte do Estado, segundo levantamento feito pelo Instituto Jones, um investimento de cerca de R$ 800 milhões. O ramal, caso saia, que ligará Vitória a Cachoeiro de Itapemirim, levará o minério, matéria-prima para a fabricação de aço, de Tubarão à siderúrgica e escoará a produção das placas de aço.
Ou seja, uma interrogação paira sobre dois dos maiores projetos do Estado.