O fim definitivo dos impactos da redução das tarifas elétricas foi um dos principais fatores que puxaram a aceleração do IPCA-15 na leitura de abril, divulgada sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por outro lado, sete das nove categorias acompanhadas pelo IBGE, incluindo alimentos e bebidas, tiveram desaceleração no período, fato que colabora com a expectativa de uma inflação em desaceleração nas próximas semanas, segundo economistas consultados pelo Valor. Para o fechamento de abril, os economistas esperar um IPCA entre 0,45% e 0,50%. Se confirmado esse intervalo, o índice voltará para dentro do teto da meta.
O índice saiu de 0,49% na prévia de março e 0,47% no fechamento do mês para 0,51% agora. Em 12 meses, o índice acumula 6,51%, ligeiramente acima do teto da meta da inflação, de 6,50%, após já ter batido 6,59% no IPCA de março.
"Alimentação desacelera ainda em um ritmo lento e está em um patamar alto", disse Elson Teles, economista do banco Itaú Unibanco. "Mas essa queda deve vir em algum momento, assim como devem começar a aparecer os efeitos das desonerações da cesta básica e a redução de preços das commodities deve também chegar ao consumidor. Todas as frentes apontam para uma direção de baixa e de menor pressão e, no curto prazo, o IPCA deve voltar a ficar dentro do intervalo da meta", disse Teles.
A previsão do Itaú Unibanco é de um IPCA de 0,50% em abril, e um acumulado em 12 meses voltando para dentro do limite da meta, em 6,44%, cenário que deve ser similar em maio. Em junho, desfavorecido por um IPCA extremamente baixo no mesmo mês em 2012 - de 0,08% -, o índice deverá apresentar leve alta, e pode voltar a superar o teto da banda.
Na prévia de abril, a categoria de alimentação e bebida desacelerou, mas pouco: saiu de 1,40% no IPCA-15 de março para 1% nesta leitura.
Tatiana Pinheiro, economista do banco Santander, avalia que as desonerações começam a resultar em queda consolidada dos preços dos produtos, mas que essa economia não tem sido suficiente e é praticamente anulada por uma alta generalizada de outros fatores. "A alimentação fora do domicílio segue em alta, os efeitos climáticos estão afetando feijão, tomate e outros produtos, outros itens seguem elevados, a inflação de serviços segue acima de 8%. Não é que a cesta básica não está fazendo efeito, é que ela não está sendo suficiente", disse Tatiana.
O consenso, no entanto, é que em abril e mais acentuadamente em maio os preços dos alimentos comecem a ceder, com as temperaturas mais amenas e o regime de chuva atrapalhando menos as safras dos in natura. Na previsão da MCM Consultores Associados, estes serão os principais fatores para baixar o IPCA para 0,45% em abril, pouco abaixo do 0,47% de março.
"O reajuste dos medicamentos deve segurar um pouco o IPCA do mês", apontou Basilik Litvak, analista da MCM. Com ajuste determinado em até 6,31% pelo governo no início deste mês, os remédios apresentaram alta de 0,93% no IPCA-15, ante 0,11% um mês antes.