Inflação oficial tem pior agosto desde 2007. Carros novos sobem 0,34%
A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em agosto chegou a 0,41%, puxada pelos alimentos, que subiram 0,88% no período. Foi o pior resultado para o mês desde 2007, quando índice atingiu 0,47%. O resultado do IPCA no mês passado, divulgado ontem pelo IBGE, veio dentro das expectativas dos analistas e ligeiramente inferior à alta registra em julho, de 0,43%. No ano, o IPCA acumula alta de 3,18% e, nos últimos 12 meses, de 5,24%. O IPCA é usado nas metas de inflação do governo e, este ano, o centro da meta é de 4,5%.
- Mesmo com a fraca atividade econômica, observa-se uma inflação resistente. Existe um viés de alta. Nossa estimativa é fechar 2012 com uma inflação de 5,4%. No ano que vem, devemos chegar aos 6% - avaliou a economista Silvia Matos, coordenadora do boletim Macro do Ibre-FGV.
O grande vilão entre os alimentos, mais uma vez, foi o tomate, com aumento de 18,96%. No ano, o produto já subiu 76,46%. O ovo de galinha subiu 3,92% e o frango, 1,35%, devido à alta nos custos de milho, usado na ração.
- O preço dos alimentos foi fortemente influenciado pelo cenário internacional, com a alta de commodities como trigo, milho e soja provocada pela seca nos Estados Unidos. Internamente, a safra também sofreu impacto da seca no Brasil - destacou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
Também subiram os preços de automóveis novos e usados, apesar da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Os carros novos ficaram 0,34% mais caros e os usados, 0,15%. O motivo, para o professor de Economia da Universidade de Brasília Roberto Piscitelli, foi o aumento da demanda:
- Fez-se muita propaganda com a expectativa de que a redução do IPI fosse extinta no fim do mês, o que não aconteceu. E a corrida às lojas fez os preços subirem.
Os preços dos serviços subiram 0,49% em agosto, batendo 8,78% no acumulado dos últimos doze meses. Entre os destaques, estão o aumento da alimentação fora de casa (0,85%); do aluguel residencial (0,43%); e do condomínio (1,06%).
Itens como mão de obra, cinema e estacionamento também valorizaram-se, em mais um reflexo do aumento da demanda causado também pela melhora na renda do brasileiro, diz Eulina:
- O fato de a inflação ter sido menor que a do mês passado não significa que seja positivo. A alta de 0,41% ainda é grande - disse.
Para setembro, as previsões são de que o IPCA vá subir entre 0,45% e 0,52%.