A indefinição política na Itália, onde nenhuma das principais correntes partidárias conseguiu maioria suficiente para formar um novo governo, nas eleições do fim de semana, provocou ontem mais um rodada de fortes baixas nas bolsas de valores europeias e impulsionou a alta do dólar nos mercados globais. No Brasil, a divisa subiu 0,44% e terminou a sessão cotada a R$ 1,986 para venda. "O dia começou com a aversão ao risco crescendo, e era de se esperar que moedas de economias emergentes se depreciassem", disse o economista-chefe do CM Capital Markets, Darwin Dib.
Com os investidores temendo os efeitos da crise italiana na Zona do Euro, o índice que mede o desempenho das principais ações europeias, o FTSEurofirst 300, caiu 1,36%, recuando para o menor patamar em três meses. Entre as maiores bolsas, a de Milão foi a que apresentou a maior queda, um tombo de 4,89%, seguida da de Madri, onde o principal indicador cedeu 3,2%. Londres, Paris e Frankfurt também fecharam no vermelho.
A preocupação de que o imbroglio italiano acabe resultando na formação de um instável governo de coalização entre inimigos declarados — a centro-direita, sob liderança do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, e a centro-esquerda, comandada por Pier Luigi Bersani —alimentou ainda uma corrida para o dólar, que se valorizou 0,25% em relação a uma cesta de divisas.
A tendência de fortalecimento da moeda norte-americana foi intensificada, no Brasil, por uma tentativa dos investidores de testar o patamar de R$ 2 — que muitos consideram um teto informal admitido pelo governo. Durante o dia, a cotação chegou a R$ 1,994. "O mercado está aproveitando o cenário externo para tentar bater a máxima de R$ 2", disse o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.
Já a Bolsa de Valores de São Paulo, após operar em baixa durante a maior parte do dia, mudou de rumo e fechou em alta de 0,59%, ajudada pela subida das ações da Vale e de siderúrgicas, mas, sobretudo, por declarações do presidente do banco central dos EUA, Ben Bernanke. O dirigente defendeu o programa de compra de títulos que vem sendo executado para reanimar a economia do país, cuja continuidade vinha sendo colocada em dúvida pelo mercado. A fala de Bernanke contribuiu para que a Bolsa de Nova York avançasse 0,9%, o que acabou se refletindo nos negócios no Brasil.