O desempenho da indústria brasileira e a expectativa pelo IPCA puxaram para cima os juros negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) após duas sessões de queda. As taxas com vencimento em janeiro de 2013 subiram de 7,25% para 7,27%.
"O mercado reagiu aos números da indústria e antecipou o IPCA", disse o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho. "Há a expectativa de uma ata do Copom mais conservadora."
Segundo o IBGE, a produção industrial cresceu pelo segundo mês seguido em julho, 0,3% ante junho, acima da média de -0,15% das projeções coletadas entre 11 analistas pelo Valor Data - em intervalo que ia de -1,2% a +0,40%.
Os dados industriais não chegaram a mudar a aposta dominante para os juros. O mercado ainda projeta corte da Selic em 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária. "Na ata, o BC vai deixar a porta aberta para ajustar a política monetária por causa da agenda", avalia Eduardo Velho.
O IBGE divulga hoje o IPCA, referência na política de metas de inflação do BC. Amanhã, sai a ata da reunião em que o Copom cortou a Selic de 8% para 7,5%. "No exterior, há a expectativa de que o BCE vai lançar medidas que ampliem a liquidez no sistema, e no Brasil, o IPCA pode mostrar ainda pressões em alimentos. O que vai levar o BC a ser mais cauteloso na ata. E o mercado antecipou isso na BM&F", disse.
O dólar operou sob influência da piora de humor no mercado externo, fechando em alta de 0,49%, cotado a R$ 2,043. Dados de atividade industrial e gastos de construção abaixo do esperado nos Estados Unidos alimentou a busca por dólares.
A expectativa em relação às reuniões do BCE, na quinta, e do Federal Reserve (Fed), na semana que vem, influenciaram os negócios ontem.
"O mercado de câmbio está acompanhando bastante o cenário externo, onde se percebe um certo nervosismo antes das decisões do BCE e do Fed", disse Sílvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria.
Por outro lado, a "banda informal" apontada pelo BC para o dólar, que nas últimas semanas interveio para evitar que o dólar caísse abaixo de R$ 2 ou superasse os R$ 2,05, praticamente eliminou a volatilidade do câmbio.
"Em um mês, o real passou de uma das mais voláteis para a décima num grupo de 16 moedas. Fica mais difícil para o mercado peitar o BC com as indicações claras que a política agora é manter essa faixa", disse Campos Neto.