O cenário menos pessimista com relação à inflação, mas ainda cético ante a retomada da atividade econômica derrubou as projeções das taxas de juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). Prevaleceu a reação dos agentes ao boletim Focus - documento por meio do qual o Banco Central divulga projeções macroeconômicas colhidas de bancos, corretoras e consultorias -, que revelou revisões para baixo nas estimativas para a taxa básica de juros e para a inflação.
Para a Selic, os analistas reduziram pela segunda semana seguida as projeções da taxa para 2013: de 7,75% para 7,63%. Já as casas que mais acertam, o grupo Top 5, mantiveram a aposta numa taxa básica estável em 7,25% também ao longo de todo 2013.
No caso da inflação, a estimativa para este ano caiu pela primeira vez após 16 semanas de altas consecutivas: a mediana para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cedeu de 5,45% para 5,44%.
Por outro lado, a mediana das projeções para a produção industrial em 2012 foi revisada para uma contração de 2,10% ante aposta anterior que era de queda de 2,31%, na sexta revisão negativa seguida dessa estimativa.
Para o Itaú Unibanco, a retomada do crescimento econômico vem ganhando tração nos últimos meses. Mas a maior instituição financeira privada do país ressalta que a incerteza permanece alta. "Os investimentos precisam acelerar para que a expansão do PIB se mantenha, o que ainda é um desafio", aponta em relatório a equipe liderada pelo economista-chefe Ilan Goldfajn.
Hoje, os agentes econômicos acompanham o leilão de até 1,25 milhão de Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B), papéis atrelados ao IPCA que sinalizam o apetite do mercado por ativos protegidos da inflação em ambiente de juros estagnados.
Mas operadores dizem que a terça-feira será marcada pela cautela, como foi a sessão de ontem na BM&F, com giro 35% inferior à média diária do ano. Os investidores optaram por aguardar os desdobramentos de eventos no exterior: EUA e China substituem governos, enquanto os bancos centrais do Reino Unido e da zona do euro fazem reuniões de política monetária.
E amanhã, o foco se volta para a divulgação do IPCA, principal balizador do sistema de metas de inflação conduzido pelo BC. Segundo o boletim semanal da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), os analistas consultados pela entidade projetam uma variação de 0,54% a 0,71%, em base mensal, com a mediana em 0,58%, e 5,45% na comparação anual - sendo a máxima de 5,58% e a mínima de 4,43%.