Com isso, o movimento de setembro, que estava no vermelho, virou e passou a ficar positivo, com mais ingresso que saída de dólares, no valor de US$ 3,03 bilhões.
Já o resultado parcial de 2014 ficou mais superavitário ainda em dólares. No acumulado deste ano, até 24 de outubro, US$ 4,37 bilhões entraram na economia brasileira. No mesmo período do ano passado, houve retirada de US$ 4,04 bilhões do Brasil.
Impacto no dólar
A entrada de recursos registrada na parcial deste mês favoreceria, em tese, a queda do dólar. Isso porque, com mais moeda norte-americana no mercado, seu preço tenderia, teoricamente, a ficar menor. O dólar vem registrando pequena queda em outubro. No final de setembro, a moeda norte-americana estava cotada em R$ 2,44, recuando para R$ 2,43 nesta quarta-feira (29), por volta das 13h.
Além do fluxo de dólares, outros fatores também influenciam a cotação do dólar no Brasil. Entre elas, estão os rumos das eleições presidenciais no Brasil, que geraram forte volatilidade no mercado nas últimas semanas, além do comportamento da economia norte-americana e das as sinalizações sobre a política monetária nos Estados Unidos.
Os indicadores da economia brasileira, que pioraram nos últimos anos, e as intervenções do Banco Central no mercado futuro da moeda norte-americana, por meio da oferta dos contratos de "swap cambial" – instrumentos que funcionam como venda de dólares no mercado futuro, com impacto no mercado à vista – também impactam a cotação do dólar no Brasil.
Nos Estados Unidos, a expectativa dos analistas é de continuidade da retirada de estímulos à economia, que começa a dar sinais de recuperação. No futuro, pode haver até mesmo aumento de juros nos Estados Unidos, o que tenderia a gerar retirada de dólares do Brasil, em direção aos EUA, e pressão de alta na cotação da moeda norte-americana.
O BC brasileiro, porém, também tem prosseguido com suas intervenções diárias no mercado com os "swaps cambiais". Recentemente, o BC anunciou que aumentará as intervenções diárias no mercado futuro de câmbio - o que ajuda a conter uma pressão de alta do dólar no país.
Os analistas do mercado financeiro acreditam que o dólar terá alta até o final deste ano. Pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras, na semana passada, revela que a previsão dos economistas para o dólar, no fim de 2014, é de R$ 2,40.
Como funcionam os swaps cambiais
Os swaps cambiais são contratos para troca de riscos. O Banco Central oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana. No vencimento deles, o BC se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe do investidor a variação do dólar no mesmo período.
É uma forma de a instituição garantir a oferta da moeda norte-americana no mercado, mesmo que para o futuro, e controlar a alta da cotação. Assim, o BC acalma a procura por dólares sem mexer nas reservas internacionais.
O investidor, preocupado com a tendência de alta, tem interesse em comprar dólares. Quando aceita a operação, fica estimulado a querer a queda ou a manutenção do dólar, para que não tenha que pagar ao banco mais do que receberá em juros. Essa taxa, normalmente, acompanha a Selic, que é a taxa básica da economia brasileira e hoje está em 11%. Se o dólar tiver variação acima disso, por exemplo, quem perde é o investidor.
Fonte: G1 Economia