O leilão conjugado de venda e recompra de dólares anunciado no fim da sexta-feira pelo Banco Central abre a última semana completa de negociações do ano no mercado de câmbio. As atenções dos operadores vão se concentrar nas negociações sobre o abismo fiscal nos EUA.
O leilão de hoje, no qual o BC oferecerá até US$ 1,5 bilhão, terá duas datas de recompra, em 18 de janeiro e 19 de fevereiro. Esse será o terceiro leilão de linha compromissada, como é conhecida essa operação, realizado pelo BC neste mês. A intenção da autoridade é irrigar o mercado e evitar pressão de alta sobre o câmbio.
Na sexta-feira, o dólar alternou leves altas e baixas, sem firmar tendência, dada a falta de notícias e o silêncio de integrantes do BC sobre o câmbio. O anúncio do leilão veio após o fechamento. A expectativa que o BC poderia atuar no caso de oscilações mais bruscas também ajudou a travar o mercado.
A leve alta no encerramento do pregão não foi suficiente para evitar que a moeda fechasse a segunda semana seguida com baixa acumulada. No mês, o dólar agora já acumula queda de 2,16%.
"O governo ainda considera o real muito caro e gostaria de vê-lo mais fraco, mas entende que uma depreciação muito rápida levaria a uma pressão inflacionária mais alta", disse Tony Volpon, diretor-executivo da Nomura Securities. "As quase diárias intervenções verbais nos atuais níveis [do câmbio] têm o objetivo de permitir que a economia se ajuste ao atual patamar do real antes de uma nova rodada de desvalorização."
O mercado de juros entra na semana em que o BC divulga o último Relatório Trimestral de Inflação do ano operando nos mesmos patamares registrados antes da divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom). Isso depois de atravessar dois momentos distintos, um de queda e outro de correção - ambos provocados pela comunicação da própria autoridade monetária. Tal comportamento amplia a relevância do documento que sai na quarta.
Na sexta-feira, as taxas de juros projetada nos contratos negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros fecharam em alta. Anularam, assim, a forte queda provocada pelo texto do BC, interpretado pelo mercado como uma sinalização de que a autoridade monetária poderia voltar a cortar os juros, atualmente em 7,25% ao ano.
Mas se a ata do Copom puxou as taxas para baixo, o próprio presidente do BC, Alexandre Tombini, tratou de corrigir os excessos. Em audiência no Senado, na terça-feira, ele disse que a inflação de curto prazo demandava atenção. Nessa sequência de fatos, a taxa de juros projetada no contrato com vencimento em janeiro de 2014, por exemplo, caiu de 7,10% para 6,91% no dia 6 para depois retornar a 7,09%.
O economista-chefe da Planner Corretora, Eduardo Velho, avalia que os fatores domésticos não abrem espaço para um movimento mais acelerado de queda dos juros nos vencimentos mais curtos, até janeiro de 2014. "A inflação de curto prazo ainda está em patamar mais elevado do que a trajetória de metas e as recentes sinalizações do BC são de manutenção da taxa em 7,25%", disse Velho. Mas ele pondera que à medida que forem divulgados os indicadores fechados de atividade deste quarto trimestre e do primeiro trimestre de 2013 vai crescer a percepção de menor crescimento anualizado.