Pequisa Focus, do BC, prevê taxa de juros menor em dezembro, de 8,25%
BRASÍLIA Uma semana depois de o Banco Central (BC) aumentar os juros básicos (Selic), de 7,25% para 7,5% ao ano, os analistas elevaram a expectativa de inflação para 2013 e reduziram a projeção para a taxa básica. A previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu de 5,68% para 5,7%, de acordo com o levantamento semanal que o BC faz com as principais instituições financeiras do país. A pesquisa divulgada ontem foi realizada na sexta-feira, mesmo dia em que os especialistas se assustaram com a aceleração do IPCA-15.
Os analistas estimam ainda que o Comitê de Política Monetária (Copom) não elevará tanto a Selic como o projetado anteriormente. A previsão para os juros no fim do ano caiu de 8,5% ao ano para 8,25% ao ano. Os economistas dizem esperar mais três aumentos seguidos de 0,25 ponto percentual nas próximas reuniões.
- Já foi reflexo da comunicação do BC, que sugeriu cautela na condução da política monetária - afirmou Zeina Latif, economista da Gibraltar Consulting. - O mercado precificava uma alta de 0,5 ponto percentual, e vem o Copom e diz que isso nem foi discutido e que a dúvida era manter ou aumentar 0,25 ponto percentual. Isso gera uma sensação de que o ciclo de alta da Selic deve ser menor do que esperado.
No comunicado divulgado na semana passada, o Copom revelou que a decisão de subir a Selic não foi unânime. Dois dos seis diretores votaram pela manutenção dos juros básicos. Os detalhes da decisão serão conhecidos na quinta-feira, quando o comitê divulgar a ata da reunião. A decisão gerou críticas à autarquia. A principal é que a volta dos juros não reorganizou as apostas do mercado.
previsão para pib fica estável
"A decisão rachada e modesta do Copom na semana passada não ancorou as expectativas e o mercado deve ainda jogar certa pressão sobre a autoridade monetária", previu o economista-chefe da corretora Gradual, André Perfeito, num comunicado a seus clientes. "O IPCA-15 ligeiramente acima da mediana das projeções divulgado na sexta-feira última também jogou areia na comunicação do BCB", avaliou.
Apesar das mudanças nas previsões de inflação e de juros, a aposta para o crescimento neste ano ficou estável em 3%. No entanto, a expectativa para a expansão da indústria - o setor que mais sofre com a crise internacional e a invasão de importados - caiu de 3% para 2,86%. Para o ano que vem, a projeção para o crescimento do setor industrial também diminuiu e passou de 3,8% para 3,75%.
Já a aposta para o crescimento geral da economia brasileira ficou estável em 3,5% para 2014. Entretanto, a projeção para a inflação oficial subiu levemente, de 5,7% para 5,71%. E a expectativa para a Selic ficou estável em 8,5%, porque os especialistas apostam que o Copom fará uma nova alta de 0,25 ponto percentual em janeiro do ano que vem.