Em meio à onda de desconfiança que varre o país com base na perversa combinação de pífio crescimento e inflação em alta, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a previsão de alta de 6% para o custo de vida, feita ontem pelo Banco Central, está dentro do suportável pela população. Segundo ele, o importante é que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre o ano abaixo do teto da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5%. "A previsão do BC significa que estaremos dentro da meta por mais um ano consecutivo", disse.
O ministro, que, um dia antes, havia sido atacado por parlamentares da oposição, que o acusaram de errar em todas as análises que faz da economia, também minimizou a previsão menor de crescimento para este ano, de 3,1% para 2,7%, anunciada pelo BC. Ele afirmou que seu papel não é de fazer previsões, apesar de trabalhar com um número por questões orçamentárias. "Quanto ao crescimento, existem várias previsões feitas pelos especialistas no assunto. Alguns falam em 2,5%, outros em 2,7%, e outros em 3%", comentou.
Moderação
Segundo Mantega, foi fixado, dentro do governo, a missão de se perseguir uma meta de crescimento de 3% ao ano, inclusive em 2013. "O governo tem que se esforçar de modo a viabilizar um crescimento de 3%, que é viável e seria bom para o país. As previsões são que, neste ano, haverá um avanço econômico maior que o do ano passado (de 0,9%), e superior ao resultado de países que estão em processo de desaceleração", avaliou. Tamanho otimismo leva como base o desempenho de alguns setores, como o agrícola, que na avaliação do ministro, cresce fortemente. Ele destacou ainda que a indústria dá sinais de recuperação, principalmente a de transformação, e o setor de serviços tem comportamento razoável, com uma taxa de expansão moderada.
Outro fator preocupante que é defendido pelo ministro como mais uma meta alcançável são as contas públicas. Ao insistir que cumprirá, integralmente o superavit primário de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) para reforçar o compromisso com o ajuste fiscal — um dos cinco pactos anunciados pela presidente Dilma Rousseff ao se dirigir aos manifestantes que lotam as ruas do país —, ele deixou de lado os números apresentados pelo Tesouro Nacional. A dificuldade de se atingir tal objetivo se dá, porque os gastos com o custeio da máquina pública aumentaram 23,5% nos cinco primeiros meses do ano, 10 vezes mais que os desembolsos para investimentos em obras públicas.