Na reta final que antecede o encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês, diminui a quantidade de agentes que apostam numa Selic inferior a 7,5% este ano. Na sexta-feira, três dias úteis antes do comunicado em que o Banco Central anuncia a taxa, o contrato mais negociado foi atipicamente o de vencimento em janeiro de 2013.
O giro com esse contrato superou a barreira de um milhão de negócios pela primeira vez desde o dia 1º de junho, quatro vezes mais que a média diária que costuma girar. O intenso movimento com esse vencimento serviu para que a taxa projetada subisse de 7,31% para 7,34%.
Com a Selic atualmente em 8% ao ano, ainda é predominante no mercado que o Copom vai cortar o juro para 7,5% na quarta-feira. Mas para os dois encontros seguintes neste ano, há divergências. O Bradesco, por exemplo, não espera mais ajustes, enquanto o Itaú aposta em mais cortes que levem a taxa para 7%.
A taxa projetada pelo DI de janeiro de 2013 vinha oscilando ao redor de 7,25% quando predominava no mercado a visão de que o BC estava mais preocupado com a atividade econômica que com a inflação. Mas desde a semana passada, os índices de preços divulgados passaram a mostrar uma inflação mais viva.
"A preocupação com a inflação existe com relação a 2013", disse o gestor da Lecca Investimentos, Georges Catalão. "Os últimos indicadores de atividade como vendas no varejo e emprego mostraram que a atividade está se recuperando mesmo", disse.
A corrente que vê o fim do ciclo de afrouxamento monetário neste mês releva inclusive as ponderações feitas pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, de que a inflação vai convergir para o centro da meta de 4,5% em 2012, ainda que o processo não seja linear.
Exemplo dos agentes que sublinham o viés inflacionário no horizonte é o BNP Paribas, que elevou a estimativa para a inflação em 2013 para 6,7%. Segundo o economista Marcelo Carvalho, o firme aumento nos salários, a disparada nos preços das commodities agrícolas, o descolamento das expectativas de inflação e a ausência da ajuda cambial vão levar o IPCA para além dos 4,5%. "Os fatores que ajudaram a conter a inflação em 2012 vão conspirar para empurrar a inflação em 2013", avalia.
No câmbio, a percepção de que o país vive em um regime de banda cambial foi reforçado pela compra de moeda feita pelo BC na terça-feira.
Na semana que começa, cresce a briga entre comprados e vendidos na BM&F e o dólar mais próximo do piso de R$ 2 do que do teto de R$ 2,1 sugere que o BC deixará vencer pouco mais de US$ 4 bilhões em swaps tradicionais (que equivale à venda de dólar futuro) que colocou no mercado quando lutava contra a alta no preço do dólar.
O efeito líquido desse vencimento é o de compra de moeda, mas nada impede que o BC atue.
O dólar comercial acumulou alta de 0,5% na semana, e encerrou negociado a R$ 2,025.