Depois da trégua de terça-feira, novas notícias corporativas desfavoráveis fizeram o Ibovespa voltar a fechar em queda consistente ontem. O índice encerrou o pregão em baixa de 1,77%, cotado em 59.336 pontos. Petrobras teve forte desvalorização e movimentação robusta. A ação PN recuou 4,76%, para R$ 18,20, com volume financeiro de R$ 1,2 bilhão, ou 16% do giro do dia na bolsa. Para se ter uma ideia, Vale PNA, a segunda colocada em volume, somou metade da petrolífera, ou R$ 600 milhões.
As ações da Petrobras reagiram ao anúncio, feito pela empresa na noite da terça-feira, de que iria reajustar os preços da gasolina A em 6,6% e do diesel em 5,4% a partir de ontem. O analista Oswaldo Telles, da Espírito Santo Equity Research (BES), classificou o reajuste como "extremamente importante" para a empresa. Na visão dele, o aumento de preços é positivo e as ações deveriam ter subido, em reação à notícia. Entre as explicações para esse descompasso, diz o analista, estão expectativas de casas grandes de análise que preferiram focar na distância que ainda falta para fechar as contas da empresa. Apesar do ajuste, continua a defasagem entre os preços dos combustíveis importados pela estatal e os cobrados no mercado interno.
Gol também teve um dia difícil. A ação fechou em queda de 4%, depois de chegar a cair 7,8%. Os papéis reagiram à notícia de que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) deverá divulgar, amanhã, novas regras para a distribuição de "slots" - horários de pousos e decolagens - em aeroportos que já estão saturados. A minuta de resolução prevê critérios mais rigorosos de regularidade e pontualidade.
O grupo X, de Eike Batista, caiu em bloco no fim do dia. A companhia de energia MPX recuou 10,08%. Puxou junto OGX, que caiu 7,81%, MMX (-4,9%) e LLX (-4,66%). Segundo operadores, a MPX reagiu à publicação, no Diário Oficial da União, de adiamento do início de operações comerciais da térmica Maranhão IV.
Eventos externos também pesaram. "O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos abaixo do esperado contribui para piorar a situação", diz o estrategista do segmento varejo das corretoras Bradesco e Ágora, José Francisco Cataldo. O PIB caiu 0,1% no quarto trimestre de 2012, em termos anualizados, ante projeção de aumento de 1%. "No curto prazo, o Ibovespa opera travado com inflação e reduções de expectativas de crescimento do PIB este ano", diz Cataldo. "Mas a tendência é que 2013, no todo, seja melhor que 2012, então as perspectivas são positivas para o ano."