Convencido de que o governo falhou no resgate da atividade econômica, o mercado financeiro reduziu a já minguada previsão para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) em 2012. Segundo a pesquisa semanal Focus, feita pelo Banco Central (BC) com consultores e analistas de instituições financeiras, a expectativa caiu pela quarta vez consecutiva, passando de 1,75% para 1,73%. E o baixo crescimento vem acompanhado de inflação em alta. Há sete semanas o mercado tem elevado as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e a aposta, agora, é de que o indicador termine 2012 em 5,19%.
"O mais relevante, neste momento, não é o controle da inflação, mas sim fazer o crescimento voltar", observou André Perfeito, da corretora Gradual Investimentos. "Acabou sobrando para o BC fazer o que o Palácio do Planalto e o Ministério da Fazenda não podem no curto prazo: acelerar o crédito gerando efeitos positivos no consumo e no investimento", afirmou.
O mercado aposta que amanhã, quando termina a reunião deste mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduzirá a taxa básica de juros (Selic) em mais 0,5 ponto percentual, para 7,50% ao ano. Um novo corte nos juros, embora menor, pode ocorrer também em outubro, quando se espera que a taxa caia para 7,25%.
Os dados do PIB do segundo trimestre, que serão divulgados na próxima sexta-feira, devem fortalecer as apostas no afrouxamento monetário adicional. "Um número mais fraco do PIB do segundo trimestre, mais próximo de 0% do que de 0,5%, pode reacender as expectativas de uma Selic menor este ano", frisou Eduardo Velho, da Planer Prosper Corretora.
» Crédito recua
Depois de ter crescido em junho, o volume de concessões de crédito inverteu a tendência em julho e caiu 7,6%. É o que aponta sondagem feita pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) entre as maiores instituições do mercado. A retração foi liderada pelo segmento das pessoas jurídicas, com um recuo de 8,4%. Para pessoas físicas, a queda alcançou 6,6%. Os dados consolidados do movimento de empréstimos e financiamentos no mês passado serão divulgados pelo Banco Central na próxima quinta-feira.