Pela primeira vez em mais de uma semana, o dólar fechou ontem abaixo de R$ 2,20. A moeda norte-americana recuou 1,01%, cotada a R$ 2,189 para a venda. A quarta queda consecutiva veio depois que o governo dos Estados Unidos revisou para baixo a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, para 1,8%, contra 2,4% nas contas anteriores.
Como os EUA avançaram menos do que o esperado no início do ano, o real ganhou um pouco de força, uma vez que o PIB mais fraco aliviou temores de que os estímulos monetários do país fossem ser reduzidos em breve. A revisão para abaixo das expectativas consolidou uma tendência de maior calmaria no mercado de câmbio.
A notícia ilustrou um cenário externo mais favorável do que nos últimos dias e contribuiu para a recuperação de moedas de países exportadores de commodities, como o dólar australiano, o canadense e o neozelandês, além do próprio real. Com a grande quantidade de dólares norte-americanos circulando no mercado, há uma tendência de que o preço caia.
O ânimo dos investidores também melhorou depois da decisão do Banco Central brasileiro, anunciada na noite da última terça-feira, de zerar a alíquota do compulsório bancário sobre as posições vendidas em câmbio.
Desde a semana passada, os mercados estavam estressados diante das sinalizações do presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, de que o banco central norte-americano poderia começar a diminuir o programa de estímulo monetário ainda em 2013, devido a sinais de recuperação da economia. Os números, no entanto, refletiram a fragilidade da economia do país.
Capital externo
A possibilidade de mudanças na política monetária do Fed e o ajuste que os investidores vêm fazendo nas carteiras, no entanto, reduziram as previsões de injeção de capital externo no Brasil este ano e em 2014, segundo novas previsões divulgadas ontem pelo Institute of International Finance (IIF, uma entidade que reúne grandes bancos globais).
Espera-se que o Brasil receba US$ 137,4 bilhões em fluxos líquidos de capitais privados em 2013, abaixo dos US$ 144,9 bilhões esperados em janeiro. Para o ano que vem, a previsão cai para US$ 134 bilhões, abaixo dos US$ 148 milhões aguardados no início deste ano. Apesar das revisões, a soma, em ambos os casos, deve superar o fluxo líquido registrado em 2012: US$ 125,9 bilhões.
O menor desempenho econômico brasileiro também ajuda a explicar a redução da atratividade do país. Após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar o Pibinho de 0,6% no primeiro trimestre, o IIF reduziu a projeção de expansão da atividade. O instituto acredita que o país crescerá 2,5% este ano e 3,2% em 2014.
Onda de alta nas bolsas
A Bovespa registrou ontem o segundo dia seguido de recuperação, em meio à melhora do ambiente externo e ao salto de ações de empresas controladas por Eike Batista, que ajudaram a compensar a queda da mineradora Vale na sessão. O Ibovespa avançou 0,59%, fechando em 47.171 pontos. Na máxima intradiária, o índice chegou a marcar valorização de 1,77%. Mesmo com a alta dos dois últimos pregões, o índice da bolsa brasileira acumulava queda de 11,6% em junho e de 22,4% nos seis primeiros meses do ano, a caminho de registrar o seu pior semestre desde o começo da crise financeira, em 2008. A Bolsa de Nova York também teve alta, de 1,02%. A onda positiva ainda passou pelas bolsas europeias. A de Londres registrou expansão de 1,04%; a de Frankfurt, na Alemanha, de 1,66%; e a de Paris, de 2,09%.