Os aumentos de preços não darão trégua neste início de 2013. A prévia da inflação oficial, medida pelo índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), saltou para 0,88% em janeiro, após uma alta de 0,69% em dezembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os alimentos ficaram ainda mais caros do que o esperado, enquanto os serviços voltaram a pesar no bolso das famílias.
O resultado surpreendeu o mercado financeiro, e analistas já revisaram para cima as previsões para a taxa fechada do mês. Em janeiro, os gastos com alimentos e bebidas subiram 1,45%, resultando no maior impacto na inflação, uma contribuição de 0,35 ponto porcentual no índice total. Itens importantes no orçamento das famílias ficaram mais caros, como hortaliças, feijão-carioca, tomate, cebola, frango, frutas e carnes.
Também houve contribuição do aumento no grupo despesas pessoais, de 1,80%, com destaque para o encarecimento do cigarro, excursão, empregado doméstico, cabeleireiro e manicure. Juntos, os dois grupos foram responsáveis por 61% da taxa do IPCÀ-15 de janeiro, ressaltou o IBGE.
A pressão neste início de ano levou a taxa acumulada em 12 meses a romper os 6% de alta (6,02%). Mas o pico no aumento de preços ainda está por vir, alertou o economista-chefe da corretora Gradual Investimentos, André Guilherme Pereira Perfeito. A decisão do governo de adiar aumentos de transportes deve fazer com que o IPGA supere os 6,20% por volta de maio ou junho, após os reajustes nas tarifas de ônibus, metrô e trem.
Na avaliação do economista, o ; melhor teria sido deixar que o IPCA aumentasse logo no primeiro trimestre, para depois arrefecer ao longo do ano. "Esse tipo de intervenção só piora, porque gera desconfiança", opinou Perfeito.
"O Banco Central não tem muito o que fazer. Deixa como está, e a queda na inflação mais para frente vai coordenar as expectativas. Tem que ter sangue frio agora", disse Perfeito, que revisou sua previsão para o IPCA de janeiro de 0,75% para 0,85%.
No IPCA-15 de janeiro, o índice de difusão, que mede a quantidade de itens com aumento de preços, alcançou 73,7%, o que aponta para uma disseminação da inflação. "Quase três quartos dos itens subiram. Além de muitos itens terem subido, alguns estão apresentando altas expressivas. E o que está caindo está caindo pouco", disse a economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Zara, que espera, no entanto, perda de fôlego em alguns itens. A Rosenberg estima que o IPCA de janeiro feche em tomo de 0,85%.
Já o Banco ABC Brasil recalculou sua estimativa para a inflação do mês de 0,85% para 0,95%./ Colaborou Renan Carreira