Declarações do presidente do Federal Reserve de Filadélfia, Charles Plosser, contra o programa de recompra de títulos do próprio órgão acentuou ontem a alta do dólar, que já subia em todo o mundo, inclusive ante o real, puxado pelos dados de inflação na China. No fim do dia, a moeda americana marcou alta de 0,65% em relação à brasileira, negociada a R$ 2,016, maior cotação desde 23 de abril, ignorando inclusive a primeira captação externa do governo brasileiro desde setembro de 2012.
"O mercado acentuou as quedas aqui depois das declarações de Plosser, especialmente depois que ele sugeriu que o Fed comece em breve a reduzir o volume de suas recompras de títulos", disse Rogério Oliveira, especialista de mercado da Icap Brasil. Antes o dólar apresentava leve alta ante o real, refletindo o desconforto de investidores com dado de inflação na China em abril que, no acumulado de 12 meses, subiu 2,4% ante expectativa de 2,2%.
O Tesouro Nacional reabriu ontem a emissão de títulos em dólares com vencimento em 2023, retomando operação iniciada em setembro de 2012. Nos EUA e na Europa, o governo levantou US$ 750 milhões, com prêmio de risco (spread) de 98 pontos-base (0,98 ponto percentual) em relação aos Treasuries americanos de 10 anos.
Foi a primeira vez que um título brasileiro teve spread inferior a 100 pontos-base. "Essa captação vem num momento importante, em que o fluxo cambial dá sinais de pequena melhora. Ela vai favorecer uma posição mais vendida no câmbio", disse Eduardo Velho, economista-chefe da INVX Global Partners, referindo-se a apostas de queda do dólar.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), os juros tiveram ajustes para cima depois de registrarem queda em seis das oito sessões seguintes à divulgação da ata do Copom. Os investidores deram continuidade ao movimento iniciado na terça-feira, após o IPCA apontar em abril variação superior à esperada por economistas. Mas o fraco giro de negócios, cerca de metade da média diária neste ano, sinaliza que os agentes mantêm aposta majoritária em um ciclo suave de alta da Selic, não superior a um ponto percentual.
Segundo operadores, o mercado prefere aguardar informações que deem direção mais consistente às posições dos investidores nos diversos vencimentos de contratos de juros. Por enquanto, o mercado segue embutindo três elevações da Selic, de 0,25 ponto percentual cada, nos encontros do Copom de maio, dias 28 e 29, julho e agosto.
No leilão de títulos públicos que o Tesouro Nacional realizou ontem, foram vendidos 4,8 milhões de papéis, ante oferta total que chegava a 6 milhões. E o prêmio pago foi maior do que na operação anterior. No caso da Letra do Tesouro Nacional (LTN) com vencimento em julho de 2015, o Tesouro pagou taxa 0,175 ponto percentual acima do DI de prazo equivalente. Semana passada, esse papel rendera ao investidor taxa 0,158 ponto percentual. acima do DI.