A divulgação do Relatório Trimestral de Inflação pelo Banco Central hoje ganha importância para o mercado de juros. O documento deve determinar a predominância para os investidores que ainda acreditam em mais um corte da Selic - dos atuais 7,5% para 7,25% no próximo encontro do Comitê de Política Monetária - ou para aqueles que esperam a manutenção da taxa.
"O relatório pode provocar ajustes no mercado se o texto vier mais preocupado do que o mercado espera", disse o chefe da mesa da Icap Brasil, Arlindo Sá. "Nos últimos dias, as taxas caíram com mais gente voltando a apostar no corte de 0,25 [ponto percentual]."
De fato, as taxas negociadas na BM&F caíram ontem pela quinta sessão seguida. Conflitos políticos na Espanha e na Grécia e dados econômicos nos Estados Unidos reacenderam o pessimismo sobre a atividade global. E com maior aversão a risco, cresce a busca por ativos como os títulos do governo americano. A taxa dos papéis de 10 anos, por exemplo, registraram a oitava queda, o que não ocorria desde 2008.
O contrato de juros para janeiro de 2013, que sinaliza as apostas do mercado para a Selic ao fim do atual ciclo de afrouxamento monetário, caiu 0,01 ponto percentual, para 7,25% ontem. Sozinho, esse contrato respondeu por 38% do giro com juros na BM&F e ganhou 255 mil novos negócios. Segundo operadores, isso sinaliza entrada de investidores na roda de apostas antes da divulgação do Relatório de Inflação.
O dólar comercial fechou em alta pela terceira sessão seguida, acompanhando a maior aversão a risco no exterior e com o mercado cada vez mais convencido de que o governo está preparando novas medidas para defender o piso de R$ 2 para o câmbio.
O leve ganho, de 0,2%, para R$ 2,035, selou a mais longa sequência de altas desde o fim do mês passado. Agora, a moeda acumula alta de 0,2% em setembro. Para operadores, as últimas declarações de integrantes do governo sinalizam que é iminente uma atuação mais intensa para evitar a valorização do real.
"Há sinais de todos os lados de que o mercado deve sofrer uma intervenção mais forte, provavelmente já no próximo mês, quando deverá entrar mais dinheiro aqui", disse Jaime Ferreira, diretor de câmbio da Intercam Corretora.