Não fosse o pagamento de dividendos pelas empresas estatais, as contas públicas do governo federal teriam fechado no vermelho em março. Somente o Banco do Brasil remeteu R$ 767,3 milhões ao seu acionista controlador, a União. Mesmo com essa ajuda, o resultado do governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social) ficou positivo em apenas R$ 285,7 milhões. Em fevereiro, deficit de R$ 6,6 bilhões.
Para analistas, pior do que o baixo resultado fiscal é o fato de que o gasto público está centrado em despesas de custeio da máquina, em vez de mirar os investimentos em infraestrutura. No primeiro trimestre do ano, as despesas administrativas, que incluem a compra de material de escritório, viagens de funcionários e outras despesas, como a compra de cafezinho, dispararam 18,9%. No mesmo período, o gasto com investimentos cresceu apenas 7,4%.
Questionado sobre o resultado, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, esclareceu que esse número não representa a real dimensão do gasto público. “O pagamento é só a última etapa do processo do investimento”, disse. Ele garantiu, porém, que essa conta se inverterá ao longo dos próximos meses.
Com mais gastos maiores e receitas menores, o governo tem sofrido para cumprir as metas fiscais estabelecidas em lei. Nos últimos 12 meses, o resultado primário — economia para pagar os juros da dívida pública— caiu para 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB).