O governo registrou superavit primário (economia para pagar os juros da dívida pública) de R$ 45 bilhões de janeiro a abril, equivalente a 47% da meta para o ano de 2012, fixada em R$ 96,9 bilhões. Em 12 meses, o resultado acumulado (R$ 97,3 bilhões) é o mais alto da série histórica elaborada pelo Ministério da Fazenda. O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, avaliou que, com o desempenho acima do esperado, o governo terá fôlego para aumentar os investimentos, sem comprometer a meta fiscal, e dar espaço para que o Banco Central prossiga com a política de queda de juros. Mas descartou a hipótese de conceder reajustes salariais este ano.
Na véspera, o secretário, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, reuniram-se com a presidente Dilma Rousseff para discutir como aumentar os investimentos e estimular o crescimento econômico. "Os investimentos são a prioridade do governo", afirmou Augustin. "Eles não estão contingenciados. A expectativa é de que o volume cresça ao longo do ano, com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), as obras e projetos. O ideal é que já houvesse uma aceleração maior, mas vai aumentar mais", acrescentou. No primeiro quadrimestre, o governo investiu R$ 21,1 bilhões, 29% a mais que no mesmo período do ano passado.
Em abril, as contas do governo registraram superavit primário de R$ 11,2 bilhões, com queda de 27,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. O resultado, no entanto, superou o de março, quando o saldo havia sido de R$ 7,6 bilhões. O Tesouro Nacional respondeu por um valor positivo de R$ 16,6 bilhões, mas o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o Banco Central apresentaram deficits de R$ 5,31 bilhões e de R$ 76 milhões, respectivamente.
Apesar do fôlego maior nas contas, o governo não pretende ceder às pressões por aumento de salários. "Estamos com uma grande turbulência no mundo. Não aventamos a hipótese de alteração na política de pessoal", informou Augustin.