A taxa de desemprego no Brasil subiu para 6,2% em março, acima dos 5,7% de fevereiro, mas pouco abaixo dos 6,5% de março de 2011. Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar da oscilação, esse é o melhor resultado para o mês desde 2002, início da série histórica. O dado mais positivo é que o rendimento médio dos trabalhadores ocupados subiu 1,6% na comparação com fevereiro (R$ 1.701,13) e 5,6% ante março de 2011 (R$ 1.637,380), passando para R$ 1.728,40.
O resultados refletem fenômenos sazonais de contratação, relativos a períodos específicos, e o impacto do aumento do salário mínimo. "Depois das festas de fim de ano e das férias, a tendência é a dispensa de empregados temporários, com salários mais baixos. Por outro lado, os mais antigos, que ficaram nos empregos, ganharam aumento e puxaram o indicador para cima", explicou Adriana Beringuy, técnica responsável pela PME.
Para Felipe Wajskop França, economista do Banco ABC Brasil, a sutil piora no índice de desemprego não é de todo ruim, porque sinaliza que restam menos trabalhadores na informalidade. "O mercado de trabalho, há anos aquecido, está chegando ao limite de contratação. Por outro lado, a aceleração recente na renda é um indicador positivo de que os principais setores da economia estão retomando a confiança", afirmou. Essa acomodação recente da população ocupada, que acontece desde o início do ano, foi puxada principalmente pelo setor de serviços, que está passando por um "freio de arrumação", segundo França.
Indústria e comércio, que tiveram recuo a partir de maio do ano passado, também retomaram as contratações. "De fato, o pessoal ocupado nestas atividades, em março, ultrapassou o patamar de maio de 2011, pela primeira vez, na série com ajuste sazonal", acrescentou o economista do ABC Brasil.
Estabilidade
A tendência é de estabilidade do emprego e crescimento moderado da renda. "Os salários podem continuar aumentando nas pesquisas, pela migração de trabalhadores para cargos com melhor remuneração. É o que chamamos de desemprego friccional", explicou Alcides Leite, professor de Economia da Trevisan Escola de Negócios. Segundo ele, não há muito espaço para os ganhos dos trabalhadores ultrapassarem o crescimento econômico do país, que deve ficar entre 3,5% a 4% em 2012, a menos que o governo amplie a taxa de investimento e incentive a qualificação da mão de obra, aumentando a produtividade.
De acordo com a pesquisa do IBGE, de fevereiro para março de 2012 houve aumento de 3% no contingente de ocupados na indústria extrativa, de transformação e distribuição de eletricidade, gás e água (mais de 108 mil pessoas). Na comparação com março de 2011, foi registrada variação positiva de 3,6% em educação, saúde e administração pública (mais 125 mil pessoas). No grupamento serviços domésticos, no entanto, houve declínio de 5,9% (menos 94 mil pessoas).
A população desocupada (1,5 milhão de pessoas) cresceu 8,8% em relação a fevereiro (mais 122 mil pessoas procurando trabalho). Já a população ocupada (22,6 milhões) permaneceu estável na comparação com fevereiro. O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado (11,1 milhões) não registrou variação na comparação com fevereiro. Na comparação anual, houve uma elevação de 3,7%, representando um adicional de 394 mil postos de trabalho com carteira assinada.