À espera de um apoio do governo ainda neste mês, os importadores de carros independentes - os mais afetados pelo aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) a partir de 16 de dezembro - divulgaram ontem uma queda de 28,1% nas vendas em abril, quando comparado a igual período de 2011.
No total, os emplacamentos das marcas sem fábrica no país - como a coreana Kia Motors e as chinesas JAC e Chery - somaram 11,9 mil unidades, 12,8% abaixo do volume de março. Isso levou as vendas acumuladas no primeiro quadrimestre a uma queda de 9,2%, para 47,4 mil carros.
O volume representa 4,7% do mercado nacional de veículos e 18,4% do total de importados vendidos no país. A maior parcela das importações - 81,3% - é feita pelas próprias montadoras já instaladas, principalmente da Argentina e do México, países não afetados pela alta do IPI.
Os números foram divulgados pela Abeiva, a entidade que representa os importadores e que vem negociando com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) uma saída para o aumento de 30 pontos percentuais do tributo nas importações de carros.
Segundo Flavio Padovan, presidente da entidade, o governo prometeu lançar, até o fim deste mês, as medidas de apoio ao setor, que, por sua vez, continua reivindicando um sistema de cotas nas importações.
Ainda na fase de elaboração do novo regime automotivo - divulgado em abril -, os importadores defenderam a liberação do aumento tributário para 180 mil carros, dentro de uma cota calculada com base nas vendas nos doze meses anteriores ao anúncio da revisão tributária. Os importadores argumentam que isso permitiria ao governo federal limitar a entrada de importados, ao mesmo tempo em que garantiria a continuidade das revendas desses carros.
Padovan, no entanto, preferiu não detalhar como as cotas seriam aplicadas. "Discutimos formas para manter o negócio de importação no país", afirmou.
No momento, o setor está vendendo as últimas unidades do estoque de carros formado antes do aumento do IPI, o que permitiu aos importadores segurarem preços no início deste ano. A partir de agora, as revendas começam a ser mais pressionadas a repassar esse custo adicional e isso pode derrubar ainda mais as vendas até dezembro.
A Abeiva já divulgou uma previsão de queda de 40% nas vendas em 2012. Mas a nova diretoria da entidade, que tomou posse em março, avalia que as novas medidas podem dar oxigênio aos importadores e evitar uma contração das vendas tão significativa.
Em entrevista a jornalistas, representantes da entidade afirmaram ontem que, além do aumento do IPI, o ambiente de negócios se tornou ainda mais desafiador com o recente movimento de valorização do dólar e as restrições na liberação de crédito. "Se em dez fichas cadastrais (de financiamento), eu tiver três delas aprovadas por uma instituição financeira, eu solto rojão Caramuru", brincou Ricardo Strunz, membro da diretoria da Abeiva e diretor da CN Auto, que traz utilitários chineses ao país.