Já no acumulado de 2014, até 2 de maio, houve ingresso de US$ 5,61 bilhões no país. Em igual período do ano passado, US$ 2,37 bilhões haviam ingressado da economia brasileira. Houve, portanto, um aumento de US$ 3,23 bilhões em dólares que entraram no país no acumulado deste ano, ainda de acordo com dados oficiais do Banco Central.
'Recursos especulativos'
Segundo avaliação do economista da NGO Corretora, Sidnei Nehme, a entrada de recursos no Brasil, neste ano, tem a ver com "recursos externos especulativos" – que se valem da oportunidade decorrente da perda de ritmo da recuperação da economia americana ao início do ano, forjado como “carry trade” (melhor remuneração no Brasil).
Em sua visão, os investidores estrangeiros tem encontrado "tempo e oportunidade" para usufruir de ganhos na Bolsa de Valores brasileira, que "operava ações com preços debilitados e, em renda fixa atraente pela expressiva taxa de juro que fora retomada pelo país focando conter pressões inflacionárias presentes".
Para ele, porém, "incertezas crescentes internas" decorrentes do "clima político que já influencia os pregões", da "baixa expectativa que o superávit fiscal", de "perspectivas cada vez maiores de crescimento muito baixo do PIB e da inflação persistente", é "natural que ocorra a reversão [nos próximos meses] dos recursos especulativos que ingressaram no país".
Efeito na cotação do dólar
A entrada de recursos no país, registrada em abril, favorece, em tese, a queda do dólar. Isso porque, com mais moeda norte-americana no mercado, seu preço tenderia a ficar menor. No mês passado, de fato, a moeda registrou desvalorização de 1,74%. No fechamento de março, o dólar estava cotado em R$ 2,26, terminando abril em R$ 2,23.
Outros fatores que influenciam a cotação
A variação do dólar no Brasil também está relacionada, segundo economistas, com a decisão do Federal Reserve (BC dos Estados Unidos) de retirar gradualmente, em ritmo mais lento do que o estimado anteriormente, os estímulos da economia norte-americana e com a perspectiva de uma acomodação do crescimento em um patamar menor do que o registrado nos últimos anos na China.
Os analistas avaliam, porém, que a cotação do dólar registrada neste ano também tem relação com a piora das contas externas e das contas públicas. Uma eventual valorização do dólar pode preocupar o BC, uma vez que tende a contaminar a inflação por meio do encarecimento de importados. Uma queda do dólar, por sua vez, favorece o controle da inflação.
Além disso, outro fator que também tem impacto na cotação da moeda norte-americana são os juros altos da economia brasileira, atualmente em 11% ao ano. Em termos reais, ou seja, descontando a inflação prevista para os próximos 12 meses, são os juros mais altos do planeta. Os leilões de contratos de "swap cambial" pelo Banco Central – instrumentos que funcionam como uma compra de dólares no mercado futuro, também têm impacto no preço do dólar no mercado à vista – segundo analistas.
Fonte: G1 Economia