Coluna Paulo Octavio
Jornal A Tribuna
Cristiano Costa, economista e professor da Fucape, foi eleito o destaque do setor acadêmico em 2012 e recebe homenagem do Conselho Regional de Economia (Corecon-ES) na terça-feira.
Coluna Paulo Octavio Jornal A Tribuna Valor Econômico - 06/08/2013
Os investidores continuam à espera de motivos para voltar às compras na bolsa brasileira. E a apatia que tomou conta da Bovespa ontem mostra bem isso. O volume negociado foi típico de feriado em algum mercado internacional relevante - o que, de fato, não ocorreu em lugar algum. Depois de uma semana carregada de eventos e indicadores, inclusive com a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), os investidores estão de molho, aguardando a safra de balanços do segundo trimestre, que terá nesta semana empresas relevantes, como Vale, amanhã, e Petrobras, na sexta. "O volume foi ridículo", resumiu um operador, ao apontar que a bolsa brasileira não conseguiu girar sequer R$ 5 bilhões ontem. O giro ficou abaixo inclusive da fraca média diária de R$ 6 bilhões registrada em julho, que por sua vez foi 32,5% menor que os R$ 8,9 bilhões diários movimentados em junho. A falta de negócios se refletiu no comportamento do Ibovespa, que oscilou pouco e terminou praticamente estável. O Ibovespa fechou em baixa de 0,08%, aos 48.436 pontos, com giro de R$ 4,607 bilhões. Entre as ações de maior peso no índice, Vale PNA subiu 1,19%, para R$ 28,73; Petrobras PN caiu 0,95%, a R$ 16,65; e OGX ON terminou em alta de 1,69%, a R$ 0,60. Reportagem publicada pelo "Financial Times" informou que um grupo de investidores minoritários está se preparando para entrar com medidas legais contra Eike Batista. O grupo acusa Eike de ter usado informação privilegiada para vender 56 milhões de suas ações na OGX por R$ 75,4 milhões entre os dias 7 e 13 de junho. A venda foi feita 15 dias antes de a OGX anunciar que estava suspendendo o desenvolvimento de seus três poços produtores de petróleo. O anúncio fez com que as ações recuassem 35%. A lista de maiores altas trouxe Oi ON (5,04%), Oi PN (4,50%) e Marfrig ON (2,74%). Segundo analistas, as ações da operadora de telefonia reagiram a relatórios do Bank of America Merrill Lynch e do Barclays afirmando que a Portugal Telecom poderá vender ativos na África e obter recursos para uma eventual injeção de capital na Oi. Hypermarcas ON (1,93%) subiu após divulgar lucro de R$ 19,3 milhões no segundo trimestre, revertendo o prejuízo de R$ 30 milhões no mesmo período de 2012. O resultado veio acima do esperado por analistas, que previam prejuízo de R$ 15 milhões, devido ao impacto do câmbio na dívida. As principais baixas foram BR Malls ON (-3,62%), B2W ON (-3,19%) e Banco do Brasil ON (-2,63%). Na agenda externa, o dado mais relevante foi o de atividade do setor de serviços (ISM) dos Estados Unidos, que veio mais forte do que o esperado. O indicador subiu para 56 pontos em julho, ante previsão de 53,5 pontos. O dado abriu espaço para realização de lucros nas bolsas em Wall Street, uma vez que indicadores positivos reforçam a chance de o Fed reverter os estímulos monetários em vigor. A nova revisão para baixo das perspectivas para a economia brasileira também pesou contra a bolsa. A mediana das projeções de cerca de cem analistas para expansão do Produto Interno Bruto (PIB) na pesquisa Focus, do Banco Central, recuou de 2,28% para 2,24%. O economista-chefe da INVX Global Partners, Eduardo Velho, disse que a constante revisão das estimativas é muito negativa para a Bovespa. Outro fator que pesa contra é a alta do dólar, que, por sua vez, puxa os juros para cima e tira a atratividade da bolsa. Valor Econômico - 18/06/2013
Em São Gonçalo do Amarante, município do Ceará de 45 mil habitantes, a cerca de 70 quilômetros de Fortaleza, três mil homens trabalham na construção da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), empresa-âncora da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Estado. Em junho de 2014, a obra deverá contar com 15 mil operários. Com esse canteiro de obras, a ZPE de Pecém é a primeira do país a entrar em funcionamento, após mais de 25 anos da criação desse programa de distritos industriais incentivados, nos quais as empresas operam com suspensão de impostos, liberdade cambial (podem manter no exterior as divisas obtidas nas exportações) e procedimentos administrativos simplificados. A Companhia Siderúrgica do Pecém, primeira e mais importante empresa a se instalar, resulta da parceria entre a mineradora brasileira Vale (50% das ações) e as sul-coreanas Dongkuk Steel (30%) e Posco (20%). O capital integralizado é de US$ 1,7 bilhão. A meta é produzir três milhões de toneladas de chapas de aço por ano na primeira fase da operação, com início previsto para o segundo semestre de 2015. Na segunda fase, a previsão é dobrar a produção, toda destinada ao mercado internacional. Pela legislação, empresa instalada em ZPE tem incentivos fiscais, cambiais e administrativos por 20 anos, prazo que pode ser prorrogado por igual período, e tem de exportar no mínimo 80% da produção. "Para o investidor internacional, um dos pontos mais relevantes é o amparo jurídico por tanto tempo", diz Eduardo Macêdo, presidente da empresa administradora da ZPE, de economia mista, controlada pelo governo do Estado. "Nosso projeto saiu do papel graças à CSP", afirma. Na primeira fase, até 2016, o investimento da CSP será de US$ 5,1 bilhões. Criado no governo José Sarney (1985-90), o programa de ZPE foi abandonado pelas gestões seguintes e retomado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Novas ZPEs foram criadas e o Conselho Nacional das ZPE (CZPE), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), encarregado de aprovar os projetos, foi reativado. Hoje, são 24 ZPEs criadas no país, em distintas fases pré-operacionais. Primeira a entrar em operação, a do Ceará tem a maior área geográfica de todas. São 572 hectares já alfandegados (com autorização da Receita Federal para que empresas nela instaladas operem com os incentivos da lei), mas a área total, fixada no decreto de Lula que a criou, é de 4.271 hectares. A ZPE está no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). "A entrada em operação da ZPE de Pecém marca, com duas décadas de atraso, a efetiva implementação do programa brasileiro", afirma o presidente da Associação Brasileira das ZPEs (Abrazpe), Helson Braga, que desde o governo Sarney trabalha pela retomada desse modelo no país. A ZPE de Pecém é a mais avançada, mas foi a segunda a ter o aval da Receita para operar (alfandegamento). A primeira foi a do Acre, em Senador Guiomard. A empresa administradora está constituída, mas não há projeto instalado. O primeiro será o da Amazon Polímeros, investimento de R$ 7,5 milhões, que vai fabricar produtos de plásticos pelo sistema de rotomoldagem. O conselho do Ministério do Desenvolvimento já aprovou. Nas compras no mercado interno e nas importações, empresa instalada em ZPE é beneficiada com suspensão de impostos e contribuições (como Imposto de Importação, IPI, PIS, Cofins, PIS-Importação, Cofins-Importação e Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante). No entanto, todos impostos e contribuições incidem sobre as vendas para o mercado interno (até 20% do valor da receita bruta, pela lei 11.508, de 2007). Projeto em tramitação no Senado dobra o percentual que pode ser vendido para o mercado interno e, no caso de desenvolvimento de software e serviços de tecnologia da informação, o eleva para 50%. Com a ZPE alfandegada, a Companhia Siderúrgica do pecém já está recebendo máquinas e equipamentos sem pagar impostos, mas o incentivo não está disponível para material de construção. "Estamos num ritmo de trabalho forte. Já recebemos mais de 500 mil toneladas de cargas da CSP com benefícios de ZPE, com essas operações. São cargas importadas, a maioria da Coreia do Sul, para montagem e construção da estrutura da siderúrgica", diz o presidente da ZPE. Desde o início da fase operacional, em 11 de abril, houve três etapas de operação-piloto, cada uma usada para "lapidar" o processo, adequando o fluxograma e o sistema de controle aduaneiro. "Se tudo correr como esperamos, na semana do dia 24 de junho entramos definitivamente em operação plena. Aí não vamos mais parar", diz Macêdo. O segundo projeto a ser instalado na ZPE de Pecém é praticamente um "apêndice" da CSP: a Vale Pecém, com função de receber o minério que vem das minas da Vale e beneficiar a matéria-prima para fornecer à CSP. A prosperidade na região já é vista, segundo o secretário de Desenvolvimento do município de São Gonçalo do Amarante, Victor Samuel da Ponte, que, antes de ocupar esse cargo, foi consultor contratado pelo governador Cid Gomes para viabilizar o distrito no Estado. "A movimentação está sendo muito grande. O município, que é carente, já está sendo afetado positivamente. Há construção de alojamentos, instalação de empresas fornecedoras de refeição e outros estabelecimentos", diz. Quando a empresa começar a produzir, serão quatro mil funcionários. "Será preciso construir escolas, hotéis e melhorar a infraestrutura. O Produto Interno Bruto (PIB) industrial de São Gonçalo vai ter um aumento de quatro mil por cento, e o do Ceará, de 40%. O Globo - 06/09/2012
Inflação oficial tem pior agosto desde 2007. Carros novos sobem 0,34% A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em agosto chegou a 0,41%, puxada pelos alimentos, que subiram 0,88% no período. Foi o pior resultado para o mês desde 2007, quando índice atingiu 0,47%. O resultado do IPCA no mês passado, divulgado ontem pelo IBGE, veio dentro das expectativas dos analistas e ligeiramente inferior à alta registra em julho, de 0,43%. No ano, o IPCA acumula alta de 3,18% e, nos últimos 12 meses, de 5,24%. O IPCA é usado nas metas de inflação do governo e, este ano, o centro da meta é de 4,5%. - Mesmo com a fraca atividade econômica, observa-se uma inflação resistente. Existe um viés de alta. Nossa estimativa é fechar 2012 com uma inflação de 5,4%. No ano que vem, devemos chegar aos 6% - avaliou a economista Silvia Matos, coordenadora do boletim Macro do Ibre-FGV. O grande vilão entre os alimentos, mais uma vez, foi o tomate, com aumento de 18,96%. No ano, o produto já subiu 76,46%. O ovo de galinha subiu 3,92% e o frango, 1,35%, devido à alta nos custos de milho, usado na ração. - O preço dos alimentos foi fortemente influenciado pelo cenário internacional, com a alta de commodities como trigo, milho e soja provocada pela seca nos Estados Unidos. Internamente, a safra também sofreu impacto da seca no Brasil - destacou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE. Também subiram os preços de automóveis novos e usados, apesar da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Os carros novos ficaram 0,34% mais caros e os usados, 0,15%. O motivo, para o professor de Economia da Universidade de Brasília Roberto Piscitelli, foi o aumento da demanda: - Fez-se muita propaganda com a expectativa de que a redução do IPI fosse extinta no fim do mês, o que não aconteceu. E a corrida às lojas fez os preços subirem. Os preços dos serviços subiram 0,49% em agosto, batendo 8,78% no acumulado dos últimos doze meses. Entre os destaques, estão o aumento da alimentação fora de casa (0,85%); do aluguel residencial (0,43%); e do condomínio (1,06%). Itens como mão de obra, cinema e estacionamento também valorizaram-se, em mais um reflexo do aumento da demanda causado também pela melhora na renda do brasileiro, diz Eulina: - O fato de a inflação ter sido menor que a do mês passado não significa que seja positivo. A alta de 0,41% ainda é grande - disse. Para setembro, as previsões são de que o IPCA vá subir entre 0,45% e 0,52%. O Globo - 24/08/2012 Indicadores de China e zona do euro recuam. Dólar sobe 0,29%
SÃO PAULO, BERLIM e MADRI Temores sobre a economia global, com dados mais fracos da indústria na China e na zona do euro, afetaram os mercados mundiais ontem. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), seguiu o movimento e fechou em queda de 1,46%, aos 58.511 pontos. Pesaram ainda as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Saint Louis, James Bullard, de que os mais recentes dados econômicos do país não justificariam novas medidas de estímulo. Na China, o índice de atividade industrial compilado pelo Instituto Markit recuou de 49,3 para 47,8 pontos na leitura preliminar de agosto, o menor patamar em nove meses. Na zona do euro, o mesmo indicador passou de 46,5 para 46,6, no sétimo mês de leitura abaixo de 50, o que indica retração da atividade. O aumento da aversão ao risco fez o dólar subir 0,29% frente ao real, a R$ 2,025. Entre as ações mais negociadas do Ibovespa, Vale PNA (preferencial, sem direito a voto) caiu 3,17%, a R$ 34,19. - A atividade industrial mais fraca na China tem impacto direto nas ações da Vale, que tem o país como principal cliente do minério de ferro. Os papéis PN da Bradespar, que têm grande fatia na Vale, foram no rastro e se desvalorizaram 3,89% a R$ 29,70 - explicou Fausto Gouveia, economista da Legan Asset Management. Além disso, pesou a disputa sobre royalties da Vale com o governo brasileiro. Analistas da XP Investimentos estimam que a mineradora possa ter de pagar cerca de R$ 4 bilhões. Os papéis PN da Petrobras recuaram 0,97%, enquanto OGX Petróleo ON (ordinária, com voto) perdeu 2,97%, Itaú Unibanco PN, 0,67%, e PDG Realty ON, 2,68%. Nos mercados europeus, tiveram perda Frankfurt (0,97%), Paris (0,84%) e Madri (0,79%). Já Londres teve uma ligeira alta, de 0,04%. Em Wall Street, o índice Dow Jones recuou 0,88%, enquanto S&P caiu 0,81%, e Nasdaq, 0,66%. Grécia pedirá mais tempo Hoje as atenções dos investidores estarão voltadas para Berlim, onde a chanceler Angela Merkel se reúne com o premier grego, Antonis Samaras. Este quer mais tempo para que a Grécia cumpra as metas estabelecidas por seus credores. No sábado, Samaras vai a Paris tentar convencer o presidente François Hollande. Mas a tarefa será difícil: ontem em Berlim, Merkel e Hollande afinaram seu discurso: a Grécia tem de honrar seus compromissos para continuar no euro. Para isso, terá de levar adiante as reformas que aprofundaram a recessão no país. A Espanha, que também enfrenta dificuldades, já estaria negociando um socorro financeiro, disseram à agência de notícias Reuters fontes da zona do euro. Uma opção seria o fundo de resgate do bloco comprar títulos da dívida do país, a fim de reduzir seus custos de financiamento. Valor Econômico - 06/07/2012
A desaceleração da economia chinesa começou a ter efeitos mais amplos no comércio exterior do Brasil. No primeiro trimestre as exportações de minério de ferro e petróleo já sentiam os efeitos da queda de preço das commodities, devido a uma menor demanda chinesa. No segundo trimestre, porém, a desaceleração da China afetou também as quantidades de minério de ferro e de petróleo embarcadas ao país asiático. A venda de minério de ferro para os chineses caiu 2,1% em volume no segundo trimestre, na comparação com mesmo período do ano passado. Em valor, caiu 26,9%. No primeiro trimestre a exportação do minério já havia caído 11,9% em valores, mas ainda havia elevação de volume de 4,9%. O volume de exportação de petróleo brasileiro à China teve queda de 27,2% no segundo trimestre. A redução em valores foi menor, de 19,4%. A venda de petróleo aos chineses já havia caído no primeiro trimestre, com redução de 31,9% no volume e de 17,4% em valores. José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que o cenário começa a mostrar que os efeitos da desaceleração podem afetar não só os preços de itens importantes da pauta como também as quantidades. "Ainda é cedo para falar em queda de volume, mas o quadro do segundo trimestre sugere cautela. Em junho vários produtos exportados tiveram queda de quantidade, mas é preciso verificar a evolução dos próximos meses." Castro lembra que no início do ano as estimativas gerais do economistas levavam mais em consideração o efeito dos preço nas exportações. A possível redução das quantidades exportadas, porém, vem sendo analisada pela AEB, que pode revisar o saldo da balança comercial previsto para este ano. Os preços, lembra Castro, continuam sendo uma variável importante no segundo semestre. Ele lembra que no acumulado de janeiro a junho o volume de exportação do petróleo, por exemplo, caiu 5%, mas o preço subiu 10%, na comparação com os mesmos meses do ano anterior. Em junho, isoladamente, porém, o preço do petróleo já teve queda de 5,03%. Para Fabio Silveira, sócio da RC Consultores, acredita que a perda de volume na exportação deverá ser mais importante do que se imaginava antes. A desaceleração da China pode surpreender neste ano, com um crescimento do país asiático muito menor do que se esperava antes. "Hoje muita gente fala num crescimento da China de 5% a 6%, enquanto antes, no início do ano, as estimativas eram de 8% a 10%." O esfriamento da economia chinesa deve contribuir fortemente para a queda do valor exportado pelo Brasil. Silveira acredita que o saldo da balança comercial total brasileira deve cair dos US$ 29,8 bilhões de 2011 para US$ 17 bilhões neste ano. A receita de venda ao exterior com o minério de ferro, acredita, deve cair dos US$ 41,8 bilhões do ano passado para US$ 33,5 bilhões neste ano. Nessa estimativa, diz Silveira, a redução do volume de exportação tem contribuição semelhante à da queda no preço. Para Silveira, com a crise, os chineses podem preferir o fornecimento australiano de minério de ferro, que paga frete menor para chegar à China e ganha mais competitividade num momento de preços menores. Em relação ao petróleo, diz, há vários fornecedores no mercado internacional e, dependendo da negociação comercial, pode haver substituição ao óleo fornecido pelo Brasil. O minério de ferro, o petróleo e a soja são os principais produtos da pauta brasileira de exportação à China. Juntos, eles representam 85,7% do valor total exportado ao país asiático. Dos três produtos mais importantes vendidos para a China, o único que manteve crescimento no segundo trimestre foi a soja. O volume de soja exportado aos chineses teve elevação de 21% no segundo trimestre, em termos de volume, e de 30,8% em valores. O desempenho da soja amenizou os efeitos da queda do petróleo e do minério de ferro no mesmo período. Castro lembra, porém, que houve grande antecipação da exportação de soja durante o primeiro semestre e, sazonalmente, os embarques do grão perdem força a partir de julho. Welber Barral, sócio da Barral M Jorge Associados, acredita que ainda é cedo para estimar o efeito da desaceleração econômica nas quantidades exportadas pelo Brasil. Para ele, a queda não só no preço como também no volume, se acontecer, deve reduzir o saldo comercial brasileiro a um terço do que foi no ano passado. A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Cerca de 17,5% do total vendido pelo Brasil ao exterior vai para a China. Os Estados Unidos ficam em segundo lugar, com 12% e a Argentina vem em terceiro, com fatia de 7,7%. O Estado de S. Paulo - 02/07/2012
Primeiras impressões sobre a cúpula de Bruxelas levaram investidores à euforia, mas algumas dúvidas foram levantadas no fim de semana Passada a euforia com os resultados da cúpula da União Europeia, na sexta-feira, governos de todo o bloco aguardam a reabertura dos mercados financeiros hoje para avaliar o real impacto das medidas. Se a primeira impressão foi de que Bruxelas está mais preparada para enfrentar a crise com o aumento das atribuições do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) e do Banco Central Europeu (BCE), restam dúvidas se a Alemanha estaria de fato disposta a permitir a implementação do acordo, depois de ser considerada derrotada por França, Itália e Espanha. A incerteza sobre o acordo cresceu no fim de semana, quando analistas econômicos se deram conta de que o texto final da cúpula não faz menção a questões consideradas cruciais pelos investidores. A primeira diz respeito à renegociação do plano de € 130 bilhões de resgate à Grécia, pedido feito pelo primeiro-ministro Antonis Samaras e ignorado solenemente por Bruxelas. Atenas não ganhou os dois anos a mais para reorganizar as contas públicas, cujo limite é 2014. Assim, a economia local continuará sob austeridade estrita, quando o governo tem problemas de caixa e o desemprego está em 22% da população ativa. O segundo foco de dúvidas é que o Pacto de Crescimento e Emprego, defendido pela França e aprovado sexta-feira, não traz dinheiro novo para a economia europeia. Dos € 130 bilhões, apenas € 15 bilhões virão de novas fontes. Os demais € 115 bilhões já existiam e estavam bloqueados no cofres do Banco Europeu de Investimentos (BEI) e dos fundos estruturais do bloco. O problema é que nada garante que os recursos serão de fato desbloqueados para investimentos. E no documento final da cúpula não há nenhum detalhe sobre quais serão os países beneficiados pelas novas obras de infraestrutura nem qual será o benefício real para o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro. Para a revista Der Spiegel, as medidas podem não gerar nenhum impacto sobre o crescimento na Europa. "O Pacto de Crescimento foi feito com pouco mais do que promessas vazias e sonhos que não se tornarão realidade nunca", disse a revista, que cita fontes do governo alemão. "Não vão gerar nenhum crescimento na Europa, mas pelo menos não custarão mais dinheiro à Alemanha." Além disso, as duas principais medidas aprovadas na prática dependem da autorização da Alemanha para serem implementadas. Assim, o MEE só poderá adquirir títulos da dívida soberana de países que tiverem passado por reformas estruturais. Mas quem define esse critério não está especificado. Da mesma forma, a recapitalização dos bancos só será autorizada caso o Banco Central Europeu (BCE), que ampliará suas atribuições como supervisor do sistema financeiro, dê seu aval. Mas a instituição, com sede em Frankfurt, sofre a pressão constante de Berlim para não adotar medidas heterodoxas de apoio à economia. Por fim, a cúpula sepultou o projeto de mutualização das dívidas nacionais por meio da emissão de obrigações europeias, os eurobônus. Ontem, o ministro de Economia da França, Pierre Moscovici, admitiu ao jornal Le Figaro que o projeto foi adiado por tempo indeterminado por exigência da Alemanha. "Nós compreendemos que, neste momento, tratava-se de uma linha que nossos amigos alemães não podiam ultrapassar." Philipe Martin, docente do Departamento de Economia do Instituto de Estudos Políticos de Paris, entende que o risco é de que os investidores mudem a avaliação sobre o sucesso da cúpula a partir desta segunda-feira. O acordo firmado na última cúpula da União Europeia provocou uma onda de avaliações negativas sobre a chanceler Angela Merkel na Alemanha, acusada de perder a batalha das negociações contra a França, Itália e Espanha. Dois dias depois, porém, a chefe de governo parece viver uma lua-de-mel com a opinião pública, com alta popularidade e elogios renovados na imprensa. Para a revista Der Spiegel, ela teve uma "vitória tática" na disputa contra os países do sul. O prestígio de Merkel vinha em baixa desde 2011, o que apontava para o crescimento da oposição social-democrata nas eleições de 2013. Mas, com a crise do euro, a sorte da chanceler se inverteu. Na quarta-feira, antes da cúpula de Bruxelas, ela alcançou a mais elevada taxa de popularidade de seu governo, com 64% de opiniões positivas, segundo a revista Der Spiegel. Nada menos de 85% dos alemães consideram que o país é "bem representando" no exterior e 61% acham que ela enfrenta a turbulência "de forma correta e determinada". O acordo de sexta-feira, que a primeira vista teria beneficiado Itália e Espanha e resultado numa vitória do presidente da França, François Hollande, e dos premiês italiano Mario Monti e espanhol Mariano Rajoy, poderia ter prejudicado a imagem. "Mas Merkel não foi a derrotada. Ela só fez o que sempre vem fazendo nos bastidores da União Europeia: compromissos. E alguns muito espertos", disse a revista. Valor Econômico - 25/04/2012
A economia americana voltou a animar os investidores internacionais. Resultados melhores do que o esperado para as empresas AT&T e 3M e dados que indicavam a estabilização do mercado imobiliário influenciaram a alta. O índice Dow Jones avançou 0,58%, para 13.002 pontos; o S&P 500 fechou em alta de 0,37%, aos 1.372 pontos. Já o Nasdaq caiu 0,30%, para 2.962 pontos. As vendas de imóveis residenciais novos nos EUA caíram 7,1% em março na comparação com fevereiro. No entanto, os dados de fevereiro foram revisados para cima e houve uma alta de 7,3% em relação a janeiro, para uma taxa anualizada de 353 mil, o melhor número desde novembro de 2009. Em Londres, O FTSE 100 fechou em alta de 0,78%, aos 5.709 pontos, revertendo as perdas da segunda-feira. Em Paris, o CAC 40 avançou 2,29%, para 3.169 pontos. Em Frankfurt, o DAX teve alta de 1,12% e fechou aos 6.590 pontos. A Holanda vendeu € 1,995 bilhão em bônus, perto do ponto médio de sua meta e os rendimentos caíram marginalmente. A Itália vendeu € 4,995 bilhões em títulos e conseguiu colocar prazos mais longos por rendimento mais baixo. Já o custo da Espanha aumentou no leilão, mas país vendeu quase o teto da faixa pretendida. |
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May 2016
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