A Gazeta - 23/10/2012 A soma do décimo terceiro salário dos trabalhadores na ativa, aposentados e pensionistas chegará a R$ 131 bilhões, 10,5% acima do montante pago em 2011 (R$ 118 bilhões). O benefício tem de ser quitado até 20 de dezembro.
O valor representa 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma das riquezas geradas no país, e beneficia 80 milhões de pessoas, segundo o cálculo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Pelas projeções do instituto, 70% do décimo terceiro chegarão às mãos dos trabalhadores no final do ano. Os 30% restantes referem-se às antecipações feitas por meio de acordo coletivo de trabalho e ao valor pago aos beneficiários do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Aposentados pensionistas do INSS recebem R$ 26 bilhões. Empregados formais, R$ 93 bilhões. Os aposentados e pensionistas da União e dos estados, beneficiários de regimes próprios, terão R$ 11 bilhões. A quantidade de trabalhadores que estará recebendo o décimo terceiro salário aumentou em torno de 2,5% sobre 2011. Houve acréscimo de 2 milhões de pessoas, incluindo os que se aposentaram, os pensionistas e os que ingressaram no mercado formal de trabalho. A Gazeta - 23/10/2012
Depois de suspender as operações em três pelotizadoras no Brasil, a Vale pretende agora promover ajustes no segmento de níquel. Até o final do ano, a mineradora pretende paralisar a produção em uma área da mina de Stobie, na província de Ontário. “(A mina) está sendo suspensa porque não é mais competitiva. Ela está em operação há mais de cem anos”, afirmou o vice-presidente de Assuntos Corporativos da Vale no Canadá, Cory McPhee. McPhee admitiu que a queda no preço do níquel também contribuiu para a decisão de fechar a área de Frood da mina de Stobie. "Nós estamos revisando o negócio de metais básicos, olhando todas as nossas operações com o objetivo de nos tornarmos mais competitivos. Isso significa reduzir custos e melhorar a eficiência”, declarou. O executivo informou que os 85 funcionários que trabalham na mina serão transferidos para outras minas na região de Sudbury, também no Canadá. Segundo ele, Stobie, é uma mina pequena e, com a realocação desses funcionários, a expectativa é que a produção de níquel seja compensada. O novo plano estratégico da companhia deve ser anunciado em novembro pela empresa, e investidores esperam a divulgação de ainda mais ajustes, desta vez no programa de investimentos destinado ao segmento de metais básicos. A Gazeta - 22/10/2012
O presidente da Fiat e da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, disse que as montadoras pediram ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, uma reunião para discutir uma nova prorrogação da política de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para compra de veículos. De acordo com ele, governo federal e montadoras ainda não conseguiram se encontrar devido às dificuldades de encaixar o encontro na agenda do ministro. Belini destacou que, no período após a adoção do IPI reduzido para automóveis, as vendas cresceram 31% e que, do ponto de vista do mercado, a prorrogação seria benéfica para a indústria automotiva brasileira. “O risco de não prorrogar é cair a média diária de vendas”, afirmou, durante entrevista coletiva da Fiat, no 27º Salão Internacional do Automóvel de São Paulo. “Mas não vejo o governo reticente neste sentido.” Antes do IPI reduzido ser instituído - no final de maio deste ano -, a média diária de vendas, segundo Belini, era de 12.300 unidades. Depois do benefício, a média subiu para cerca de 16 mil vendas diárias no País. Ele, no entanto, afirmou que outros fatores são necessários para impulsionar o mercado de automóveis no Brasil, como o destravamento do crédito e a utilização do compulsório dos bancos para estimular o financiamento. O vice-presidente da Anfavea e da Ford Brasil, Rogélio Golfarb, afirmou que a prorrogação ou não do benefício, que vai até dia 31 de outubro, vai depender do desempenho das vendas neste mês. “Está todo mundo esperando o resultado das vendas de outubro”, disse. Segundo ele, o número de emplacamentos em setembro apresentou um resultado “decepcionante”, ao recuar cerca de 30% ante agosto, mês que houve o recorde histórico do setor. "Setembro foi decepcionante. A redução ficou acima do esperado”, disse. Analistas do setor já esperavam uma queda das vendas em setembro, por conta da corrida do consumidor às concessionárias registrada em agosto, prazo inicialmente previsto para encerrar o benefício de redução do IPI. Goldfarb afirmou que, apesar de o número de emplacamentos ter recuado 10,1% nesta primeira metade de outubro em relação ao mesmo período do mês passado, ainda não se pode prever ao certo qual será o desempenho deste mês. “No Brasil, as vendas se definem nos últimos dez dias.” Correio Braziliense - 23/10/2012 A companhia energética terá que apresentar hoje um plano de medidas para melhorar o atendimento e prevenir quedas de energia. Na sexta-feira, dois cortes no fornecimento deixaram 400 mil pessoas sem luz no DF.
A Companhia Energética de Brasília (CEB) e Furnas Centrais Elétricas tiveram de dar satisfações ao governo federal ontem sobre os dois apagões que atingiram a capital na última sexta-feira. Em reunião no Ministério de Minas e Energia, a pasta acertou uma série de ações a serem tomadas para melhorar o sistema de distribuição do Distrito Federal, e que serão anunciadas hoje. Durante o encontro, foi esclarecido qual foi o órgão responsável pelas quedas de energia. "A primeira foi causada por problemas na subestação de Samambaia, de Furnas, e a segunda, no Plano Piloto, ocorreu rede básica da CEB", explicou o secretário-executivo do ministério, Márcio Zimmermann. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) assegurou que foram abertas investigações e, caso constatada falha operacional das duas empresas, a penalidade vai de advertência à multa de 2% do faturamento anual da companhia. "Aguardamos o relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que definirá a origem dos desligamentos. Não queremos continuar com este jogo de empurra", disse o diretor de Operações da CEB, Manoel Clementino. Na sexta-feira, as duas administrações jogaram a culpa uma na outra pelo incidente, quando cerca de 400 mil pessoas ficaram semenergia durante 40 minutos. Hoje, haverá uma segunda reunião, no Rio de Janeiro, para detalhar os procedimentos a serem adotados. O presidente da ONS, Ermes Chipp, garantiu que o Distrito Federal está entre as prioridades do grupo. "Por ser a capital da República, onde estão concentrados os três Poderes, temos de ter uma atenção maior. Avaliamos se Brasília precisa de um reforço no sistema elétrico", declarou. "Os apagões da semana passada foram a gota d"água para o governo federal. "Por isso, iniciaremos ações de curto e médio prazo para melhorar as operações. Esperamos o Relatório de Análise de Perturbação (RAP) para analisar a situação da região", complementou Zimmermann. O secretário-executivo da pasta não anunciou, entretanto, quanto será desembolsado para a implementação deste reforço. Punição Após o apagão ocorrido em novembro de 2009, quando 18 unidades da Federação, inclusive o DF, ficaram sem energia elétrica, Furnas foi multada em R$ 53,7 milhões. No início do ano passado, a penalidade foi reduzida para R$ 43,3 milhões, depois de uma análise do recurso administrativo apresentado pela concessionária estatal. O Estado de S. Paulo - 23/10/2012 A indústria automobilística brasileira prepara outra onda de investimentos no País com destaque para novas fábricas, ampliação de capacidade produtiva, lançamentos de carros globais e locais e projetos de pesquisa e desenvolvimento. Os novos projetos vão atender diferentes categorias de consumo, dos carros de luxo aos populares, passando pelos utilitários esportivos. A confirmação, ontem, da primeira fábrica da marca alemã de luxo BMW no País, que será construída em Santa Catarina, desencadeou interesse de marcas premium que já atuaram no Brasil e agora querem voltar, como a Audi e a Mercedes-Benz.
A japonesa Honda, seguindo a estratégia da conterrânea Toyota, tem planos de entrar no segmento de compactos a partir de 2014, o que exigirá uma nova fábrica no País. Antes disso, a empresa iniciará a produção, em Sumaré (SP), de um utilitário esportivo (SUV) de pequeno porte que se somará à linha atual dos modelos Fit, City e Civic. "No longo prazo vamos entrar no segmento de compactos e já estamos planejando a ampliação de nossas instalações", disse ontem o presidente mundial da Honda, Takanobu Ito, que está no Brasil para participar o Salão do Automóvel de São Paulo, evento que abre as portas ao público amanhã. Antes desse passo, a Honda vai ampliar seu centro de pesquisa para desenvolver produtos no Brasil e não depender só da matriz. "Vamos investir mais R$ 100 milhões para fortalecer essa área", anunciou Ito. A Hyundai, que iniciou a produção do compacto HB20 em setembro, em Piracicaba (SP), inaugurou na semana passada um segundo turno de trabalho para dar conta da demanda. Em janeiro, a empresa lança um segundo veículo, o HB20X, versão crossover do modelo e, em março, um sedã da mesma família. Em feito inédito, a Volkswagen mostrou ontem o Taigun, SUV que o grupo trata como conceito, mas será fabricado em vários países, inclusive no Brasil. "Pela primeira vez o grupo escolheu o Brasil para um lançamento mundial", disse o presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas Schmall, que ainda faz segredo sobre os planos de produção do modelo global. No domingo, ele anunciou investimentos de quase R$ 750 milhões para as fábricas de automóveis de Taubaté e de motores de São Carlos. O novo regime automotivo, o Inovar-Auto, também está apressando investimentos. A Nissan vai inaugurar em janeiro de 2014 sua fábrica no Rio de Janeiro com a produção do compacto March (hoje importado do México) e pretende chegar ao fim do ano com a produção de quatro modelos, outro fato inédito para uma montadora local. Um deles será um SUV pequeno mostrado ontem como conceito. "O Brasil é o quarto maior mercado mundial e em breve será o terceiro, por isso nossos planos são ambiciosos", disse François Alain, diretor-geral da Nissan. Valor Econômico - 23/10/2012 A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pretende entrar com uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) para que o Supremo Tribunal Federal (STF) declare que a Lei nº 12.683 - a nova Lei da Lavagem de Dinheiro - não se aplica à categoria. A entidade entende que, apesar de a norma não citá-los expressamente, os advogados não estão entre os profissionais que precisam informar operações com clientes em investigações sobre lavagem de dinheiro.
Recentemente, o Órgão Especial do Conselho Federal da OAB elaborou um relatório sobre a nova norma. No documento, a conselheira Daniela Teixeira defende que a lei seria genérica e, portanto, não poderia revogar a garantia de sigilo prevista pelo Estatuto da Advocacia - Lei nº 8.906, de 1994. Ela classifica a lei como "louvável" em seu parecer, mas afirma que a obrigação de divulgar os dados quebraria a relação de confiança entre advogados e seus clientes. "Nós temos poder de guardo e sigilo dos dados dos clientes. O advogado não deve ter a obrigação de delatar o seu cliente", diz Daniela. Para a conselheira da OAB, o fato de os advogados não serem citados é uma prova de que a norma não atinge a categoria. "Caso fosse a intensão do legislador de incluir os advogados, estaria escrito explicitamente", afirma a advogada. A decisão de levar o assunto ao Supremo foi tomada ontem, em Brasília, em sessão plenária do Conselho Federal. A categoria levou em consideração o fato de a Procuradoria-Geral da República (PGR) já ter emitido um parecer sobre a nova Lei da Lavagem de Dinheiro. No entendimento da PGR, a norma não alcançaria a advocacia vinculada à administração da Justiça. O parecer é de autoria da subprocuradora-geral da República, Deborah Duprat. Valor Econômico - 23/10/2012 A União Europeia, os Estados Unidos e outros parceiros continuam apresentando questões para o Brasil responder na Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre subsídios dados ao setor privado, alimentando suspeitas sobre vários programas. Antecedendo reunião do Comitê de Subsídios, que acontece hoje, o Brasil precisou responder a questões formuladas pela União Europeia sobre incentivos para o desenvolvimento da cadeia produtiva no setor farmacêutico, por meio do programa Profarma.
O Canadá pediu informações sobre o Profarma e sobre o programa Pro-Aeronáutica, pelo qual o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financia investimentos feitos por pequenas e médias empresas que participam da cadeia de produção da indústria aeronáutica. Também pediu esclarecimentos sobre o programa agrícola Prêmio para Escoamento do Produto. Os fundos de investimentos para Amazonas, Nordeste e Espírito Santo e o cálculo do preço internacional do diesel para o setor pesqueiro também estão sendo questionados pelos parceiros comerciais do país. Os EUA apresentam uma série de indagações sobre a reforma da lei de antidumping e apontam falta de detalhes sobre prazos para investigações, por exemplo, aparentemente suspeitando de maior liberdade da autoridade investigadora. A ironia é que os EUA são o país mais condenado na OMC pela flexibilidade com que aplica os instrumentos de defesa comercial. As questões nos comitês da OMC são normais. O Brasil explica como funcionam os programas e procura argumentar que são compatíveis com as regras da OMC. Mas a evidência é que o Brasil vem sendo alvo de maior monitoramento dos parceiros, que já têm insistido que o país se torna mais protecionista. Existe expectativa em relação ao relatório sobre protecionismo que a OMC divulgará na semana que vem. Dessa vez, por pressão do Brasil e outros parceiros, o monitoramento deve vir em outro formato, com a inclusão de medidas tomadas por países desenvolvidos, que até agora vinham sendo ignoradas. Ontem, no Comitê de Salvaguardas, a União Europeia, a Austrália, a África do Sul e o Chile indagaram sobre o estágio da investigação que o Brasil faz para eventual salvaguarda contra o vinho estrangeiro. A resposta foi de que a autoridade investigadora continua examinando os dados que lhe foram apresentados. No Brasil, o Ministério do Desenvolvimento confirmou que não serão adotadas salvaguardas contra o vinho importado. A maior preocupação no momento entre os membros da OMC, no entanto, é com o plano da Ucrânia de elevar as tarifas de importação de 371 produtos além do que é permitido pelos acordos internacionais, na maior ilustração da tendência protecionista que se propaga no mundo. Exportações de carnes e de dezenas de manufaturados brasileiros deverão ser submetidas a alíquotas mais elevadas para entrar no mercado ucraniano. Os países têm até o começo de dezembro para decidir se pedem início de negociações por compensações com a Ucrânia. Mas até agora nenhum país acionou o mecanismo. A percepção generalizada em Genebra é de que a Ucrânia exagerou. A dimensão de seu plano é tão grande que traz uma ameaça ao próprio sistema da OMC e deve ser repelido. Em Paris, o governo do socialista François Hollande deu um "upgrade" na visita que a presidente Dilma Rousseff faz a Paris nos dias 11 e 12 de dezembro. Em vez de visita oficial, foi elevada a visita de Estado, algo que só ocorre duas ou três vezes por ano entre os muitos chefes de Estado que passam pela capital francesa.. Assim, Dilma terá direito a desfile com bandeirinhas pela avenida Champs-Élysées, jantar de gala no palácio presidencial e discurso na Assembleia Nacional. Os franceses, porém, não parecem alimentar muita esperança de confirmação da compra de caças para a Força Aérea Brasileira, que vem se arrastando há anos e tem como competidores a francesa Dassault, a sueca Saab e a americana Boeing. Valor Econômico - 23/10/2012 A balança comercial brasileira registrou déficit de US$ 422 milhões na terceira semana de outubro, informou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O saldo negativo resulta da diferença entre US$ 4,389 bilhões em exportações e US$ 4,811 bilhões em importações no período. No mês, o resultado das transações comerciais brasileiras ainda é positivo em US$ 1,309 bilhão. No ano, o saldo positivo é de US$ 17,033 bilhões.
A média diária de US$ 877,8 milhões nas exportações na terceira semana de outubro é 19,3% inferior à média até a segunda semana. Na comparação com outubro do ano passado a média diária de embarques caiu 8,5% em função da diminuição nas exportações de manufaturados e itens básicos. Os manufaturados recuaram 5,9%, dos US$ 388,2 milhões de média diária em outubro de 2011 para US$ 365,2 milhões acumulados até a terceira semana de outubro deste ano. A redução foi resultado dos embarques menores de aviões, veículos de carga, automóveis de passageiros, máquinas para terraplenagem, combustíveis e lubrificantes, tratores e partes de motores para automóveis. Para os produtos básicos a média diminuiu 14,1% na mesma comparação, passando de US$ 546,5 milhões em outubro de 2011 para US$ 469,4 milhões nas três primeiras semanas deste mês. A queda é reflexo de exportações menores de petróleo em bruto, café em grão, minério de ferro e soja em grão. As exportações de semimanufaturados cresceram 6,1% na mesma base de comparação, de US$ 150,6 milhões para US$ 159,7 milhões, em grande parte pelo aumento de embarque de alumínio bruto, óleo de soja em bruto, ouro, açúcar em bruto, ferro fundido e ferro ligas. As importações diminuíram 7% na terceira semana de outubro de 2012, com média diária de US$ 919,6 milhões, ante US$ 989,1 milhões em todo o mês de outubro de 2011. No comparativo, diminuíram os gastos, principalmente, com combustíveis e lubrificantes, veículos automóveis e partes, borracha e obras e siderúrgicos. Valor Econômico - 23/10/2012
Depois de um setembro fraco, com queda expressiva nas vendas de automóveis e estimativa de recuo da produção industrial, a atividade econômica mostra uma recuperação moderada neste mês, segundo empresários e líderes de associações setoriais. Divulgada ontem, a prévia de outubro do índice de confiança da indústria da Fundação Getulio Vargas (FGV) também confirma essa melhora da atividade - subiu 1,3% em relação a setembro, na série livre de influências de sazonais (ler abaixo). O presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, vê um outubro "um pouco melhor" para o setor do que setembro, mas não aposta em "grande crescimento" neste mês. As vendas em setembro ficaram em 341 mil toneladas, 10% inferiores a agosto. A média por dia útil, contudo, foi 8% superior. Segundo Loureiro, os setores de veículos, autopeças e máquinas agrícolas têm feito encomendas mais expressivas. Já os pedidos de empresas ligadas à construção civil e de bens de capital estão mais fracos, um sinal pouco animador para o investimento. "O pior já ficou para trás, mas não vejo a perspectiva de um crescimento forte", diz Loureiro, para quem que a indústria vive um ano sofrível. Ele, que já apostou em alta de 6% para a distribuição de aço neste ano, prevê hoje expansão de apenas 2%. Um bom termômetro para as encomendas da indústria fora da cadeia automobilística, o setor de papelão ondulado aposta em resultados mais expressivos no fim do ano. O presidente da Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO), Ricardo Trombini, não viu a queda em setembro com preocupação, já que agosto foi um mês recorde, com expedição de 300,9 mil toneladas, e setembro teve quatro dias úteis a menos do que o mês anterior. Em setembro, as vendas domésticas recuaram 6% em relação a agosto - uma queda de 1,5% nas contas da LCA Consultores, na série com ajuste sazonal. Na média diária, as vendas avançaram 5%. "Já percebemos um ritmo melhor do nível de atividade." Os ramos industriais que mais demandam no momento são os de alimentos e bebidas e higiene e beleza, mas o presidente da ABPO diz que segmentos com incentivos do governo, como eletroeletrônicos, móveis e linha branca, mantêm seu perfil de consumo em nível que considera satisfatório. No começo do ano, a entidade previa aumento de 2,5% nas vendas em relação a 2011, percentual já atingido no acumulado de janeiro a setembro. Com a redução do IPI para alguns setores e encomendas mais fortes, Trombini acredita que esse avanço pode chegar a 3%. O presidente da Indústria São Roberto, Roberto Nicolau Jeha, também relata um outubro melhor do que setembro. Empresa de papelão ondulado, a São Roberto registra boas encomendas dos setores de alimentos, bebidas e limpeza, muitas delas ligadas às festas de fim de ano. "Mas o ano está difícil", diz Jeha, prevendo uma expansão de 1% a 2% para a companhia em 2012. Câmbio e juros em níveis mais adequados ajudam a economia, mas o crédito ainda não deslanchou e a infraestrutura continua muito ruim, afirma ele. No setor químico, após um agosto forte, a expectativa de Fátima Ferreira, diretora de economia da associação do segmento (Abiquim), é que setembro tenha mantido o ritmo do mês anterior e outubro também mostre bom desempenho. Fátima afirma que o terceiro trimestre é o melhor período do ano para o setor químico, marcado pelas encomendas de fim de ano da indústria, mas avalia que uma conjuntura mais favorável também está por trás dos resultados mais robustos. "A partir de agosto, sentimos uma melhora do ambiente. Alguns clientes da nossa indústria que estão se beneficiando com a desoneração da folha de pagamento estão consumindo mais." A economista também avalia que o câmbio de R$ 2 foi positivo para o setor. De janeiro a agosto, o volume importado no setor encolheu 5,2%, enquanto a produção cresceu 2,4%. No segmento de materiais de construção, agosto pareceu indicar um quadro de retomada colocado em xeque por setembro, segundo Walter Cover, presidente da associação da indústria do setor (Abramat). Descontados os fatores sazonais, as vendas do setor encolheram 6,7% em setembro, após alta de 8% na medição anterior. Cover credita parte do desempenho ruim ao menor número de dias úteis de setembro e à greve dos bancos, que, de acordo com ele, diminuiu o volume de negócios. Ele afirma, contudo, que o comportamento do varejo - com peso de cerca de 50% nas vendas do segmento - continuou deixando a desejar, enquanto o setor de infraestrutura seguiu em ritmo lento e o de incorporações imobiliárias perdeu fôlego. "O crédito está melhorando, mas ainda há problemas." Para os meses finais do ano, a expectativa da Abramat é que as vendas registrem crescimento nas comparações mês a mês, puxadas pelo varejo, que pode ter aquecimento adicional devido ao destravamento do crédito pelos bancos públicos. Cover observa, porém, que os três meses finais não devem salvar o resultado de 2012, para o qual a associação espera crescimento de 3,4% "É um número baixo. No começo do ano, esperávamos algo na faixa de 4,5%." A Lupo é outra empresa que, depois de um setembro fraco, tem um desempenho melhor neste mês. O inverno mais quente que o usual e a falta de chuvas prejudicaram os resultados da empresa em setembro, quando o faturamento recuou 8% sobre o mesmo mês do ano passado, desempenho muito aquém da meta da empresa de 12% de crescimento. Valquírio Cabral Júnior, diretor-comercial da Lupo, acredita que setembro pode ter sido o pior mês do ano, período marcado por estoques mais altos que o planejado no varejo e consequente queda na produção. Outubro, no entanto, já dá sinais de recuperação: nos primeiros 18 dias do mês, o faturamento avançou 17% sobre igual período de 2011. "As lojas começaram a escoar a mercadoria em estoque e acreditamos que no último trimestre do ano, vamos crescer 10% em relação ao mesmo período do ano passado, salvando o ano." Para ele, parte dessa projeção reflete a sazonalidade, mas também uma melhora da economia no fim do ano. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), José Luiz Diaz Fernandez, diz que o nível de ociosidade das empresas associadas foi reduzido em cerca de 20% na passagem do segundo para o terceiro trimestre como reflexo de encomendas mais firmes do varejo para o fim do ano. Desde agosto, o setor conta com a desoneração da folha de pagamento. Segundo Fernandez, a medida está começando a refletir agora nos preços finais, aumentando o efeito do corte de impostos. Devido aos incentivos do governo e às condições mais favoráveis do crédito, ele acha que o setor, que cresceu 2,5% de janeiro a agosto, crescerá 4,5% no ano. |
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