O ano de 2013 nem chegou na metade mas a safra ruim de balanços das companhias abertas brasileiras no primeiro trimestre já motivou algumas casas de análise a reavaliar suas perspectivas para o mercado de ações neste ano.
Citibank, HSBC e J.P. Morgan divulgaram relatórios pessimistas na sexta-feira. O Citi, inclusive, cortou sua projeção para o Ibovespa no fim de 2013, de 65 mil para 63 mil pontos. A nova estimativa representa um potencial de alta de 14,5% em relação ao nível atual.
Os analistas Stephen Graham e Nicolas Riva afirmaram que, de 74 companhias passíveis de investimento no índice IBX-100 que possuem projeções de resultado feitas pelo Citi ou consenso de mercado disponível, 39 registraram números desapontadores no primeiro trimestre.
Apenas 18 empresas superaram as estimativas, afirma o Citi. As projeções dos analistas para todo o ano de 2013 já começaram a ser revistas para baixo por causa dos últimos balanços. Apesar disso, Graham e Riva disseram que, em geral, os ganhos neste ano devem ainda mostrar crescimento da ordem de 30% na comparação com os resultados de 2012.
Na mesma linha do Citi, o HSBC observou em relatório que metade das empresas que compõem o índice MSCI Brasil divulgou resultados abaixo das expectativas no primeiro trimestre. "Crescimento mais fraco que o esperado, intervencionismo e custos/inflação em alta são novamente os culpados. A receita e os resultados operacionais também foram fracos, embora não tão ruins como o lucro líquido. Isso se tornou uma tendência, já que a mesma coisa aconteceu nos últimos quatro anos", afirmaram os analistas Francisco Machado e Ben Laidler.
No entanto, os especialistas do HSBC avaliam que, em relação aos demais mercados emergentes, o país está bem posicionado. "O Brasil conseguiu um desempenho melhor que a média da América Latina e muito melhor que o México e a Colômbia, em especial."
Para o J.P. Morgan, os investidores ainda estão se "sufocando" com o a situação macroeconômica. "Como já mencionamos anteriormente, é necessária uma tendência sólida de crescimento do PIB para ficarmos mais "bullish" (otimistas) em ações", diz o relatório assinado pelos analistas Emy Shayo Cherman, Pedro Martins Junior, Nur Cristiani e Diego Celedon.
Além do crescimento do PIB, o banco de investimento cita a tendência de recuperação do mercado de trabalho como outra peça-chave para o mercado de ações brasileiro. Na sua projeção, o J.P. traça três possíveis cenários.
"O primeiro, nosso cenário base, é crescimento abaixo do potencial e inflação próxima do topo da meta." Neste caso, os setores preferidos são financeiro, de concessões e companhia de bens consumo com baixa alavancagem.
Em um segundo cenário, com crescimento mais forte e inflação alta, o J.P Morgan vê mais aumento de juros, que apreciariam o câmbio, com maior disciplina fiscal. Os beneficiados seriam papéis alavancados por crescimento econômico, proteção inflacionária e exposição a um real mais forte, como Gol, Petrobras, Cesp e Sabesp.
No terceiro cenário, caso o crescimento da economia desacelere ainda mais, haveria queda na inflação, os juros não subiriam tanto e levariam a uma depreciação do câmbio. Neste caso, o ativismo do governo voltaria, principalmente antes das eleições de 2014. Então, a prioridade seria para "boas pagadoras de dividendo e papéis expostos a um real mais fraco."
O Ibovespa subiu 0,72% na sexta-feira, para 55.164 pontos, com volume abaixo da média dos últimos pregões, de R$ 6,941 bilhões. Desta forma, a bolsa brasileira zerou as perdas acumuladas ao longo da semana passada, encerrando o período em leve alta de 0,10%. No mês, o índice perde 1,33%, e no ano, recua 9,50%.
Entre as ações mais negociadas, Vale PNA ganhou 0,70%, para R$ 29,91, corrigindo parte da perda de mais de 8% acumulada entre segunda e quinta. Petrobras PN também terminou em alta, de 1,01%, a R$ 19,95. Segundo operadores, há uma boa "briga" na opção de compra a R$ 20,00, para o exercício do papel, que acontece hoje. Já OGX devolveu 1,11%, para R$ 1,77. Uma corretora internacional teria realizado um grande exercício antecipado na sexta, com a opção de venda do papel ao preço de R$ 1,40.