O Brasil tem o maior estoque de dívidas corporativas colocadas no mercado internacional, entre os países emergentes. A fatia brasileira era de US$ 211,2 bilhões no fim de 2012, representando 13,4% do volume total de papéis emitidos por companhias de países emergentes, segundo o Banco Internacional de Compensações (BIS).
Em seu relatório sobre a atividade financeira internacional, o BIS destaca que uma forte demanda por parte de investidores estrangeiros impulsionou esse mercado ao longo de 2012 e no começo de 2013. O estoque total dessas emissões superou o US$ 1,6 trilhão no fim de 2012.
O mercado de títulos corporativos de emergentes vem mudando de características, com maior presença de investidores institucionais e recuo de outros tipos de investidores.
No entanto, o levantamento, assinado pelo economista Agustin Villar, mostra que o volume de bônus corporativos de emergentes que pode atrair investidores institucionais representa apenas um terço do que está no mercado, por causa do tamanho, liquidez e características de risco que devem respeitar.
Isso porque o investidor institucional necessita comprar títulos que são cobertos por um índice de performance, como o Index for Emerging Corporate Bond Markets (CEMBI), do J.P. Morgan, que abrange apenas US$ 620 bilhões dos papéis emitidos no segmento.
Para incluir bônus num índice, que é só em dólar, o banco americano examina quais as empresas que emitem títulos de maneira regular, evitando aquelas, por exemplo, que só procuram aproveitar oportunidades momentâneas para captações no mercado.
Assim, os investidores institucionais têm apenas 10% dos papéis corporativos de emergentes, comparado aos volumes de 70% e 90% dos títulos soberanos que detêm.
Uma razão é que o mercado de bônus soberano está mais internacionalizado, em dólar e em euros. A demanda excede a capitalização em dólar e está muito perto de 100% em euro.
No caso de bônus corporativos, tampouco existe índice para investidores internacionais de papéis domésticos, ilustrando a necessidade de mais profissionalização no segmento.
Conforme o BIS, no fim de 2012 as instituições financeiras tinham mais de US$ 1,1 trilhão do estoque de emissões de dívidas corporativas internacionais, ou dois terços do total - nos países desenvolvidos, essa fatia chega a 84%.
Os asiáticos, no conjunto, são os maiores emissores no mercado internacional, seguidos por firmas da América Latina. Por país, o Brasil fica em primeiro lugar com 13,40% do total, seguido pela Rússia (11,84%), Coreia (9,97%), China (9,91%), Hong Kong (6,83%), Emirados Árabes Unidos (6,20%) e México (5,92%). Outros 30 países detêm 35,86%.
A percepção sobre a qualidade dos títulos corporativos dos emergentes depende fortemente daquela dos títulos soberanos. Em todo caso, as taxas de calote permanecem baixas, por volta de 2,7%.