A repercussão da ata do Copom provavelmente vai interferir no rumo dos negócios da Bovespa nesta quinta-feira. "O mercado está tenso com a questão da inflação", afirma o estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala. "Toda ata de Copom sempre é muito aguardada, mas a de hoje é especial", acrescentou o especialista ao lembrar que há algumas semanas o mercado busca por sinais mais claros sobre o rumo da política monetária.
Ontem, definitivamente, não foi um bom dia para a bolsa brasileira. Rumores de redução da nota de risco de crédito do Brasil, ameaça de expropriação dos ativos da Vale na Argentina e, novamente, forte pressão vendedora sobre as empresas "X", de Eike Batista.
O Ibovespa ignorou o sétimo recorde seguido de alta das bolsas americanas e fechou em baixa de 1,41%, aos 57.385 pontos, com bom volume financeiro, de R$ 7,658 bilhões. Em Wall Street, o índice Dow Jones ganhou 0,04%, para 14.455 pontos; o S&P 500 avançou 0,13%, aos 1.554 pontos, e o Nasdaq terminou em alta de 0,09%, para 3.245 pontos.
Mesmo depois de as três principais agências de classificação de risco - S&P, Fitch e Moody"s - desmentirem os rumores de que anunciariam a revisão da perspectiva do rating soberano brasileiro, de estável para negativa, o humor do mercado não melhorou. Pelo contrário, piorou nos minutos finais do pregão com a queda mais acentuada das empresas "X".
OGX ON mergulhou 9,19% e registrou a sua menor cotação da história, a R$ 2,37. Desde 6 de novembro de 2008 (R$ 2,54), auge da crise financeira internacional, o papel não valia tão pouco. MMX ON (-10,07%) liderou as baixas do Ibovespa e LLX ON perdeu 5,83%.
As ações da Vale também pressionaram o Ibovespa. O papel ON marcou a quarta maior baixa, ao recuar 3,94%, a R$ 34,86, enquanto a PNA perdeu 3,72%, para R$ 33,36. O governo argentino sinalizou que pode expropriar os ativos do projeto de Rio Colorado. O ministro do Planejamento da Argentina, Julio de Vido, afirmou que "existe um descumprimento flagrante do contrato" por parte da empresa brasileira, que anunciou a suspensão dos investimentos no projeto. "Os ativos que a Vale possui na Argentina são as reservas de potássio, contanto que as explore. A Vale violentou as leis da Argentina, e eu, se fosse investidor da Vale, estaria preocupado", declarou.
Já Petrobras PN seguiu na mão contrária do mercado, mas perdeu força no fechamento, encerrando em leve alta de 0,10%, para R$ 18,76. Depois do Santander, ontem foi a vez do Bank of America Merrill Lynch comentar que a revisão do plano estratégico da Petrobras pode sair amanhã. O banco não acredita em grandes alterações no plano, mas espera que a estatal detalhe algumas metas.
Na lista de maiores altas do índice ficaram Suzano PNA (3,75%), Gol PN (3,32%) e Lojas Americanas PN (3,16%). Depois de informar na terça-feira um lucro de R$ 34 milhões no quarto trimestre, em linha com as projeções dos analistas, ontem a Suzano assinou o contrato de venda de sua participação na hidrelétrica de Capim Branco, por R$ 320 milhões, para a Vale.
Outro destaque de alta foi Embraer ON (1,86%). A fabricante de aviões reverteu prejuízo e lucrou R$ 253,7 milhões no quarto trimestre. A receita líquida cresceu 7%, para R$ 3,98 bilhões.