Enquanto a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) não é divulgada ou algum tipo de comunicação informal chega ao mercado, o viés de baixa nas taxas de juros futuros prevalece.
Além disso, outro vetor de baixa são as notícias dando conta da poupança. Para parte do mercado, uma Selic abaixo de 9%, pediria uma revisão na fórmula de cálculo sob o risco de promover um esvaziamento dos fundos de renda fixa.
"Ninguém fica tomado em juros tendo em vista o risco de sair algo sobre a poupança", afirmou um tesoureiro.
A expectativa continua viva apesar das manifestações contrárias vindas do governo. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que esse não seria o momento de mudar a fórmula de cálculo.
Habilmente, a presidente Dilma Rousseff escapou do tema e disse que esse é um assunto da Fazenda e do Banco Central (BC). "Essa não é uma área da qual eu me posicione", declarou Dilma.
Falta uma avaliação do próprio BC sobre o tema e ela pode vir na ata que sai na quinta-feira. Mas antes de entrar nessa discussão, o documento tem de esclarecer outras dúvidas.
A intenção de levar a Selic para próximo das mínimas históricas mudou? Será que nos últimos 40 dias o BC recolheu informações suficientes para pensar em levar a Selic para novas mínimas históricas?
O mercado não tem as respostas para essas perguntas, mas atua como se tivesse ouvido um "sim" desde a quarta-feira, quando o comunicado apresentado junto com a decisão do Copom foi visto como "uma porta aberta" para novos cortes.
As taxas futuras mostram a Selic a 8,5% no encontro de maio do Copom. Se a ata endossar tal avaliação, as taxas podem cair um pouco mais, conforme cabe a especulação de, ao menos, um corte de 0,25 ponto em junho.
Se o BC "fechar a porta", a reação será de firme alta nas taxas curtas. Mas, dependendo do tom, sempre cabe a avaliação de que a autoridade monetária está em "pausa" e que pode retomar os cortes ainda em 2012.
Mudando o foco para o câmbio, o dado mais esperado da semana será a atualização do fluxo cambial até o dia 20 de abril.
Os dados vão mostrar o que se passou em uma semana na qual o mercado interbancário viu mais de US$ 15 bilhões trocando de mãos e um BC que atuou sete vezes no mercado à vista.
Depois de uma pausa na quinta-feira, o BC voltou ao mercado na sexta-feira, com uma compra à vista por volta das 15h30. A taxa de corte foi de R$ 1,871 e não mudou o rumo do mercado.
Depois de subir 2,84% em cinco pregões, o dólar comercial fechou com baixa de 0,64%, valendo R$ 1,87 na venda.
Na semana, no entanto, o preço da moeda americana subiu 1,63%. No mês, a valorização é de 2,4%. E em 2012, o dólar tem leve alta de 0,05%. Vale lembrar que o dólar já chegou a registrar queda superior a 9% no ano.
Na relação inversa, o real foi destaque de alta ante o dólar na sexta-feira. Mas no acumulado da semana, a moeda brasileira foi a que mais perdeu valor considerando uma cesta com divisas emergentes e desenvolvidas.
O dólar para maio caiu 0,47%, a R$ 1,876 antes do ajuste final.