A ata do Copom fortaleceu a corrente de instituições que prevê Selic estável em 7,25% em 2013 e tornou esse grupo ainda mais conservador quanto ao controle da inflação pelo Banco Central (BC). A maioria não espera alta do juro básico neste ano, mas admite a possibilidade de ocorrer um aperto monetário em algum momento nos próximos meses, antecipado por medidas macroprudenciais. No pregão da BM&F, os juros futuros fecharam pressionados e com forte giro de contratos, embalados pela interpretação de que o BC não vai começar novo ciclo de corte da Selic, independente do ritmo da atividade econômica.
Diminuiu o número de economistas que esperam corte da Selic ainda neste ano. O Itaú Unibanco elevou de 6,25% para 7,25% sua previsão para dezembro. O Citibank também aumentou sua estimativa, de 6,50% para 7,25%. Na BB DTVM, a estimativa saiu da estabilidade para alta, a 8,25% no último trimestre.
O Itaú Unibanco alinhou-se ao mercado e vê Selic em 7,25% até o fim de 2014, a partir do reconhecimento de que a desaceleração da atividade está relacionada a fatores de oferta, com implicações sobre a eficácia dos instrumentos de estímulo à demanda, inclusive os monetários, e da inflação acima do esperado neste início do ano.
Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú, explica que a ata traz um diagnóstico implícito de que são mais adequados os instrumentos que resolvam os problemas de oferta da economia. "A avaliação do impacto dos estímulos passados [ao contrário do presente] é distinta: a "fragilidade do investimento" continuará, na visão do Copom, a ser "impulsionada pelos efeitos defasados de ações de política monetária implementadas recentemente, bem como pela expansão moderada da oferta de crédito". O diagnóstico do Copom de que são limitações de oferta que afetam o ritmo de retomada também coloca dúvidas sobre a eficácia de outros instrumentos de estímulo à demanda adotados pelo governo", afirma.
Marcelo Kfoury, diretor do Departamento de Economia do Citi Brasil, mudou a aposta em mais um ciclo de afrouxamento monetário porque o BC foi claro no texto da ata do Copom ao apontar que nada mais pode fazer em termos de estímulo à economia, uma vez que o baixo crescimento é questão de oferta e não de demanda.
Os economistas da BB DTVM, que há pouco mais de uma semana trabalhavam com manutenção da Selic sem desprezar nova rodada de corte na hipótese de deterioração do ambiente externo, reavaliaram o cenário a partir do "tom mais duro da ata do Copom" sobre a inflação. E a Selic deve passar da estabilidade para alta de até 8,25% no terceiro trimestre do ano.
O Bradesco manteve em 7,25% sua projeção. Octavio de Barros, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, vê desaceleração da inflação a partir do segundo semestre, encerrando o ano em 5,3%, o que reforça o cenário de estabilidade da Selic e de retomada gradual da atividade na ausência de choques ou piora no exterior. O Santander manteve a aposta em juro menor, de 6,25%, devido à atividade fraca.