Autoridade monetária volta a intervir no mercado de câmbio para impedir prejuízo aos exportadores e faz a divisa subir 0,14%
O Banco Central voltou ontem a intervir para segurar a cotação do dólar diante do real e evitar prejuízo aos exportadores. Retirou US$ 1,6 bilhão de bancos e corretoras por meio de contratos de swap cambial reverso — uma operação que tem efeito semelhante a uma compra de dólares no mercado futuro. O objetivo da autoridade monetária era comprar US$ 3 bilhões, mas as instituições aceitaram negociar apenas R$ 1,6 bilhão. O mais importante foi o recado do governo de que não permitirá uma desvalorização da divisa norte-americana, que fechou o dia negociada a
R$ 2,028 para venda, com alta de 0,14% em relação à segunda-feira.
Ao participar de um evento, em São Paulo, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que, além das ações do governo, a crise externa ajudou a conter a valorização do real. “Em resposta a ações de política e ao complexo ambiente externo, no primeiro semestre deste ano observou-se no mercado de câmbio reversão do movimento anterior de apreciação da moeda brasileira”, disse ele.
Para Sidnei Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora, no entanto, o câmbio tem reagido apenas às decisões do governo, sem qualquer outra influência externa. “A formação do preço da moeda norte-americana está absolutamente sob a administração da autoridade monetária”, observou.
Piso
A expectativa do mercado é que o BC continue a realizar leilões de swap cambial reverso até o fim do ano. Sobretudo porque o fluxo cambial — a diferença entre entradas e saídas de recursos no país — voltou a ficar positivo. Neste mês, até o dia 19, houve um ingresso líquido de US$ 1,58 bilhão, a maior parte por meio do mercado financeiro, e todo esse capital pode empurrar o dólar para abaixo de R$ 2, valor estabelecido informalmente pelo governo como uma espécie de piso para a moeda.
Tombini afirmou ainda que, apesar das altas dos últimos meses, a inflação não vai fugir ao controle. Segundo ele, a evolução dos índices sugere que o impacto do aumento dos alimentos, por conta da seca nos Estados Unidos, já foi transmitido para os preços ao consumidor, e os efeitos remanescentes tendem a ser menores. Para o presidente do BC, os indicadores devem convergir para a meta de 4,5%, “ainda que de forma não linear”.
» Confiança
Para o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, a economia brasileira já está ganhando velocidade e a atividade crescerá em torno de 4%, em termos anualizados, no segundo semestre e em 2013. Ele avaliou que o momento é de continuar investindo e consumindo no país e avaliou que os impulsos dados à atividade econômica nos últimos meses ainda não se refletiram em sua totalidade.