Entrada de um volume grande de recursos no país faz moeda cair 0,26%, para R$ 1,829
O Banco Central bem que tentou, mas não conseguiu evitar a queda dos preços dos dólar ontem. Foram duas intervenções, com a autoridade monetária comprando todas as sobras da moeda norte-americana. Ainda assim, a divisa dos Estados Unidos encerrou o dia cotada a R$ 1,829 para venda, com baixa de 0,26%. Segundo os analistas, houve um ingresso de uma soma expressiva de capital estrangeiro no Brasil. Apesar do recuo, em 12 meses, o dólar acumula valorização de 15,02%.
"Os rumores são de que houve um fluxo bastante elevado. Por isso a queda do dólar", observou Jankiel Santos, economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank. "Apesar desse movimento de baixa, não quer dizer que as ações do BC perderam a eficácia no curto prazo. Já no médio e longo prazos, a situação é um pouco mais complicada. A tendência continua sendo de desvalorização da moeda norte-americana", avaliou.
Nos cálculos de Santos, o dólar deve perder força frente o real até o fim do ano, fechando próximo de R$ 1,75. Para ele, esse número se justifica devido ao cenário de crise e de baixo crescimento na Europa, à lenta recuperação nos Estados Unidos e à expectativa de que o Brasil cresça mais que o restante do mundo em 2012.
O economista explicou ainda que, independentemente de todos os pedágios impostos pelo governo para conter o ingresso de capital estrangeiro, o país deve atrair muito dinheiro em busca do ganho fácil com a taxa de juros brasileira (Selic), a mais elevada do mundo em termos reais e a segunda mais alta quando não se desconta a inflação. "Por isso, é difícil conter o ingresso de recursos", justificou Santos.
Enquanto o dólar caiu, a Bolsa de Valores de São Paulo (BMF&Bovespa) disparou, encerrando a quinta-feira com alta de 2,88%, aos 63.058 pontos — a maior valorização diária desde 13 de março, quando havia registrado incremento de 3,03%. Entre as principais praças do mundo, o dia também foi de ganhos, com exceção de Espanha, que registrou baixa de 0,75%. Em Frankfurt, a bolsa subiu 1,03%; em Londres, 1,34%; e em Paris, 0,99%. Nos Estados Unidos, Nova York também teve dia positivo e terminou o pregão com alta de 1,42%.