A Bovespa cravou seu quarto pregão consecutivo de alta, acompanhando o movimento dos mercados internacionais, que subiram embalados pela expectativa de que um novo afrouxamento monetário está por vir na zona do euro. Os investidores ignoraram os dados fracos de atividade industrial na Europa e, principalmente, na China.
"Quando o mercado quer subir, não adianta ir contra", afirma o estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi, ao comentar que a desaceleração da atividade na China "tinha tudo" para pressionar a bolsa brasileira, que é altamente exposta às commodities.
No noticiário doméstico, as atenções recaíram sobre os balanços de Fibria, Hering, Duratex e Iguatemi, e também sobre a nova rodada de "bondades" do governo, que anunciou medidas de desoneração para o etanol e para o setor petroquímico. As medidas impulsionaram as ações da Petrobras, da Braskem e da Cosan.
O Ibovespa fechou em alta pelo quarto pregão seguido, com ganho de 1,08%, aos 54.884 pontos. Desde a mínima do ano (52.881), em 17 de abril, a bolsa brasileira já recuperou 3,8%. O volume foi forte, de R$ 10,196 bilhões, montante que inclui os R$ 2,878 bilhões movimentados pela oferta (OPA) de fechamento de capital da Amil. Os papéis foram recomprados pela nova controladora, a United Health, a R$ 31,80 por ação.
Entre as mais negociadas, Vale PNA subiu 2,21%, para R$ 31,87; Petrobras PN ganhou 2,18%, para R$ 19,18; e OGX ON terminou em baixa de 4,34%, a R$ 1,54.
Os papéis da petroleira de Eike Batista chegaram a subir mais de 7%, mas devolveram os ganhos após a Lukoil negar que esteja negociando a compra de uma empresa brasileira. A declaração foi dada pelo presidente da companhia russa, Vagit Alekperov, em entrevista a jornalistas na cidade de Siracusa, na Itália. Anteontem, a própria OGX já havia negado a especulação.
As medidas anunciadas pelo governo federal impulsionaram as ações da Petrobras, além de Braskem PNA (8,29%) e das empresas produtoras de etanol, como Cosan ON (3,20%), São Martinho ON (4,13%) e Tereos ON (2,33%). Embora as medidas já fossem aguardadas pelo mercado, a repercussão foi forte sobre as ações, num dia em que os investidores queriam motivos para dar continuidade à recuperação da bolsa brasileira.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reiterou que a mistura de etanol na gasolina passará de 20% para 25% a partir de 1º de maio. Além disso, o governo vai reduzir a cobrança de PIS/Cofins sobre o etanol em R$ 0,12 por litro. As medidas, além de estimularem a produção do etanol, também irão colaborar para reduzir as importações da gasolina da Petrobras, reduzindo custos da estatal.
O setor petroquímico terá redução na alíquota de PIS/Cofins, de 5,6% para 1%. A Abiquim informou que as medidas darão um alívio importante, uma vez que o setor vem trabalhando com 20% de capacidade ociosa.
No topo dos ganhos do Ibovespa também figuraram Hering ON (5,69%) e Duratex ON (4,12%). O lucro da Hering caiu 1,2% no primeiro trimestre, para R$ 69,4 milhões. Segundo analistas ouvidos pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor, o resultado veio dentro do esperado e mostra recuperação da companhia.
Já a Duratex conseguiu ampliar seu lucro no trimestre em 73%, para R$ 149 milhões. No entanto, a companhia informou que o aumento dos custos e o início das operações das fábricas de Itapetininga (SP) e Queimados (RJ) poderão pressionar margens neste ano.