Moeda americana recua para R$ 2,171 com criação de vagas abaixo do esperado
-são paulo e brasília- O dólar se desvalorizou frente ao real e a Bovespa fechou em alta de 0,68%, aos 56.460 pontos, o maior patamar desde 18 de março, e volume negociado de R$ 6,4 bilhões, acompanhando o movimento de alta nas Bolsas americanas. A divulgação de dados mais fracos do mercado de trabalho, mostrando que o ritmo de recuperação dos EUA ainda é lento, aumentou as apostas de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) deve deixar a retirada dos estímulos à economia para 2014. A taxa de desemprego nos EUA recuou para 7,2% em setembro, mas a criação de vagas ficou abaixo das expectativas. Foram criados 148 mil postos de trabalho, mas economistas esperavam 180 mil. Nos EUA, o índice Dow Jones fechou em alta de 0,49% e o Standard & Poor"s subiu 0,57%.
Entre as ações mais negociadas na Bovespa, os papéis preferenciais da Petrobras caíram 1,74%, a R$ 18,56. No dia anterior, as ações haviam disparado 5% após o resultado do leilão de libra.
— Foi uma realização de lucro após a euforia. As perspectivas para os papéis da Petrobras ficaram mais positivas no longo prazo — afirma Marcelo Torto, analista da Ativa Corretora.
Os papéis preferenciais da Vale subiram 1,32% a R$ 32,81, influenciados pelo anúncio de elevação da meta de produção de minério de ferro da BHP Bil-liton. Além disso, relatório do Citi Research destacou as exportações aquecidas de minério de ferro da Vale em outubro, com efeito positivo sobre os resultados do quarto trimestre.
O dólar encerrou os negócios em baixa de 0,5%, a R$ 2,171, com uma atuação extra do Banco Central (BC). Além do leilão de swap cambial (equivalente à venda de dólares no mercado futuro) de US$ 494,9 milhões previsto no programa de intervenções diárias, o BC rolou 20 mil contratos. O total ofertado foi de US$ 988,3 milhões e representa cerca de 11% dos papéis que vencem no início de novembro, que somam US$ 8,8 bilhões.
MANTEGA: UBRA NÃO AFETA DÓLAR
Para Sidnei Nehme, sócio da corretora de câmbio NGO, o BC não deverá renovar todo o lote de contratos, embora haja interesse de compra do mercado:
— O volume financeiro dos contratos que vence em novembro é grande, com poder para impactar a cotação da moeda americana. Na minha avaliação, o BC deve rolar apenas 50% dos contratos, o que levaria o dólar acima de R$ 2,20. Se rolar tudo, o dólar pode cair abaixo de R$ 2,15.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o ingresso de dólares no Brasil para o pagamento do bônus de assinatura do leilão de Libra, de R$ 15 bilhões, não deve afetar significativamente a cotação do dólar Do total do bônus, R$ 6 bilhões serão pagos pela Petrobras e R$ 9 bilhões pelas empresas estrangeiras. Para Mantega, o fato de o Fed ter sinalizado que vai retirar os estímulos à economia mais lentamente já acalmou o mercado, que pode caminhar para um equilíbrio cambial:
— O BC saberá regular isso (o efeito do bônus) adequadamente.