O indicador fraco de atividade da indústria (ISM) americana trouxe alívio aos investidores que temem que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) desacelere em breve o ritmo de compras de bônus do programa de estímulo ao crescimento.
O que seria uma má notícia ganhou viés positivo e ajudou na recuperação das bolsas aqui e em Wall Street. No entanto, o clima ainda é de cautela, com os investidores de olho nos dados de geração de emprego nos Estados Unidos, o chamado "payroll", que será conhecido na sexta. Por aqui, as atenções estão sobre a ata do Copom, na quinta-feira.
Após o tombo de 5,14% na semana passada, a pior do ano para a bolsa brasileira, o Ibovespa fechou em alta de 0,82%, aos 53.944 pontos, com volume de R$ 7,534 bilhões. "Foi um repique, depois dos tombos de quarta e sexta", disse o estrategista da Futura Corretora, Luis Gustavo Pereira. Nos EUA, o Dow Jones avançou 0,92%, para 15.254 pontos. O Nasdaq ganhou 0,26%, aos 3.465 pontos. E o S&P 500 subiu 0,57%, aos 1.640 pontos.
Vale PNA subiu 4,53%, para R$ 29,95, e foi preponderante para a recuperação do Ibovespa. "Vale e também as siderúrgicas reagiram à recuperação das commodities lá fora", observou o chefe de análise da SLW Corretora, Pedro Galdi.
O índice CRB, usado pelo mercado para acompanhar o comportamento dos preços dos materiais básicos, subiu 1,08%. Galdi lembra que a correção no preço das commodities foi decorrente do dado de atividade industrial (PMI) da China em maio, que recuou menos do que os economistas esperavam.
A disparada do dólar na semana passada tem efeito sobre as exportadoras, o que inclui a Vale. O Bank of America Merrill Lynch (BofA) lembrou em relatório que a desvalorização do real é positiva para a empresa e reafirmou sua recomendação de compra das ações.
Petrobras PN também foi destaque, com alta de 1,19%, a R$ 20,29. Os papéis da estatal avançam desde sexta-feira, quando a companhia informou um crescimento de 4,2% na produção de petróleo em abril na comparação com março. Além disso, Petrobras continua sendo a "queridinha" dos analistas, especialmente das casas estrangeiras. Na semana passada, o BofA já havia reforçado a recomendação dos papéis. Ontem foi a vez do Credit Suisse. "Temos sinais de que o plano de desinvestimento está caminhando", disse o banco.
No topo do Ibovespa ficaram Oi ON (6,75%), Copel PNB (5,87%) e Gafisa ON (5,24%). A Copel fez uma proposta de compra dos ativos do Grupo Rede em parceria com a Energisa. A empresa paranaense pretende ser minoritária, com fatia de 49%. Elas ofereceram R$ 3,2 bilhões pelos ativos.
Na outra ponta do mercado figuraram Gol PN (-3,86%), Duratex ON (-3,37%) e BR Properties ON (-2,85%). O BofA comentou em relatório que a alta do dólar pode prejudicar a rentabilidade da Gol. Supondo que a moeda permaneça em R$ 2,13 até o fim do ano, os analistas estimaram que o prejuízo líquido saltará de R$ 161 milhões para R$ 387 milhões no ano.