A Bovespa sofreu o quarto dia seguido de baixa, em mais um pregão cheio de volatilidade. As principais ações do Ibovespa foram pressionadas pelo vencimento de opções e de índice futuro. O clima externo também não ajudou, com as bolsas americanas fechando no vermelho, ainda sob o efeito da incerteza sobre a possível redução dos estímulos à economia por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Segundo o estrategista da Icap Brasil, Gabriel Gersztein, o movimento de aversão ao risco no mercado brasileiro ontem foi mais acentuado e descolado de outros emergentes, ao contrário de terça-feira, quando todos seguiram trajetória semelhante.
O Ibovespa terminou em baixa de 1,18%, aos 49.180 pontos, depois de marcar mínima nos 48.746 pontos (-2,1%). A semana ainda está na metade, mas a bolsa brasileira já acumula perda de 4,7% no período. No mês, o recuo chega a 8,1%, e no ano, a baixa é de 19,3%.
O giro financeiro foi alto, justamente por conta do vencimento. A Bovespa movimentou R$ 23,596 bilhões, registrando o segundo maior volume de sua história, atrás apenas da marca de R$ 35,8 bilhões de 13 de junho de 2012, pregão em que também houve vencimentos de opções sobre índice e de índice futuro. Apenas o exercício de opções sobre Ibovespa respondeu por R$ 7,66 bilhões.
Entre os papéis de maior peso no índice, Vale PNA perdeu 1,36%, a R$ 27,40; Petrobras caiu 2,21%, a R$ 18,12; e OGX ON recuou 11,11%, para nova mínima histórica, de R$ 1,04. Além da empresa de petróleo de Eike Batista, outras companhias "X" também ficaram entre as maiores baixas da bolsa. LLX ON (logística) teve baixa de 9,42%, MMX ON (mineração) perdeu 5,16% e CCX ON (carvão) se depreciou 23,43%.
A venda de 2% do capital da OGX feita por Eike no mês passado repercutiu muito mal no mercado. Conforme o Valor informou, o empresário precisou fazer caixa para honrar com uma chamada de margem de garantia de um empréstimo com o Itaú. Agora, a desconfiança dos investidores recai sobre outras ações do grupo.
No caso de CCX há uma agravante: a oferta de fechamento de capital da companhia, que deve acontecer por meio de uma permuta por ações de outras empresas do grupo, principalmente OGX. Quanto mais os preços das ações caem, menores são as chances de a oferta se concretizar.
A lista de baixas trouxe ainda Klabin PN (-9,56%, a R$ 11,25). A empresa investirá R$ 6,8 bilhões em uma fábrica de celulose no Paraná. A empresa também realizará uma oferta pública primária de R$ 1,7 bilhão em units para financiar parte do empreendimento.
As ações da Klabin no curto prazo deverão ser pressionadas pela "diluição inesperada" decorrente da oferta de R$ 1,7 bilhão, avalia o banco Goldman Sachs. Os analistas Marcelo Aguiar, Diogo Miura e Humberto Meireles colocaram o preço-alvo e a recomendação das ações em revisão.
Apesar do pregão negativo, algumas ações conseguiram ganhos expressivos: PDG Realty ON (8,69%), Gol PN (7,36%) e JBS ON (3,71%). A alta de Gol está relacionada a fatores gráficos - o papel testou um forte suporte aos R$ 7,58 - e também à expectativa de reorganização operacional da companhia aérea.
Dois profissionais de mercado que estiveram em um almoço com a equipe de relações com investidores da Gol ficaram impressionados com a disposição sinalizada pela empresa de seguir firme na busca por corte de custos, em meio a um ambiente de maior volatilidade do dólar.
As ações PDG subiram por conta da avaliação do mercado de que a Vinci Partners está aumentando a exposição às ações da empresa também por meio de seus sócios. A iniciativa é vista pelos investidores como uma forte demonstração de confiança no negócio, que passa por reestruturação.
Na semana passada, a Vinci Equities Gestora de Recursos declarou que havia alcançado uma participação de 5,09% na PDG, ou 68,159 milhões de ações, após compras em bolsa. A Vinci possui outros 9% da PDG por meio de seu fundo de investimentos em participações, fatia alcançada após um aumento de capital no ano passado. Na terça-feira, a PDG divulgou que membros de seu conselho de administração compraram R$ 205 milhões ou 86,698 milhões de ações da companhia em maio.