Os vencimentos de Ibovespa futuro e opções sobre índice, e a chuva de balanços do segundo trimestre, entre eles os números do grupo "X", devem garantir fortes emoções aos investidores nesta quarta-feira. A bolsa brasileira vem de uma sequência de cinco altas consecutivas, acumulando ganho de 6,7% nesse período, o que seria suficiente para justificar uma realização de lucros no pregão de hoje.
Mas em um dia com tantos elementos de volatilidade, tudo é possível, até mesmo uma sexta alta, já que a Bovespa ainda está entre as bolsas com pior desempenho no mundo neste ano, acumulando perda de 17%.
A arrancada deste ciclo de recuperação da bolsa brasileira teve origem em uma série de dados da economia chinesa divulgados na semana passada. O estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala, diz que os estímulos informais e pontuais do governo chinês continuam convencendo o mercado sobre a capacidade de Pequim manter o país em ritmo acelerado.
Além disso, na Europa os índices de confiança na Alemanha para agosto vieram muito bons e a produção industrial da zona do euro em junho foi levemente acima do esperado, em 0,8%. "De um modo geral o clima melhorou e se não houver nenhuma grande surpresa quanto aos próximos passos do Fed [Federal Reserve, o banco central americano] em setembro, a bolsa brasileira pode se recuperar um pouco; se os resultados ajudarem", afirma Gala.
Ontem, o Ibovespa fechou em alta de 0,60%, para 50.600 pontos, novamente com volume expressivo, de R$ 7,645 bilhões. Desde 18 de abril a bolsa brasileira não subia por cinco pregões seguidos.
A alta contou com ajuda das empresas "X", que dispararam à tarde diante de uma nova rodada de boatos sobre a possível venda de ativos do grupo de Eike Batista. O índice chegou a titubear pela manhã, diante da disparada do dólar e da "briga" entre comprados e vendidos no vencimento de hoje.
No topo do índice ficaram LLX ON (17,27%), OGX ON (4,68%) e MMX ON (3,57%). Depois da informação dada na segunda-feira pelo jornal "O Globo", de que um grupo de empresas brasileiras, entre elas, Vale, Gerdau e Usiminas, estaria formando um consórcio para arrematar o porto de Açu, da LLX, ontem foi a vez da agência "Bloomberg" afirmar que o Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi, pretende desembolsar US$ 1 bilhão por uma participação nas empresas "X".
As companhias do grupo de Eike divulgarão seus balanços do segundo trimestre após o fechamento do mercado. A OGX cancelou a teleconferência que faria com analistas para comentar os números, sem maiores explicações.
Entre as ações de maior peso no Ibovespa, Vale PNA subiu 0,92%, para R$ 31,56; enquanto Petrobras PN caiu 0,96%, a R$ 16,37. Vale continuou surfando na onda de dados positivos vindos da China e na boa repercussão de seu balanço trimestral. Já Petrobras mostrou fraqueza diante da dúvida se a estatal terá seu pleito, de um novo reajuste no preço da gasolina neste ano, atendido pelo governo.
O ministro Edison Lobão afirmou que o governo reconhece a defasagem nos preços, mas disse que isso não significa que o pedido será atendido. Conforme Lobão, a decisão de aplicar ou não o reajuste, e o tamanho dele, vai passar pelo Ministério da Fazenda.
O estrategista da ICAP Brasil, Gabriel Gersztein, fez um estudo para avaliar qual seria o impacto de um reajuste hipotético de 10% da gasolina sobre a inflação neste ano. Gersztein, que prevê IPCA de 5,69% neste ano, estima que um eventual reajuste elevaria a inflação para 6,27% em 2013, acima dos 5,84% de 2012, nível que o governo já sinalizou que não pretende superar.