A Bovespa marcou seu terceiro pregão seguido de alta ontem e já acumula ganho de 4% nesta semana, além de zerar as perdas em junho. O alívio com os números da China divulgados no início da semana, que vieram em linha com as expectativas, juntou-se ao discurso do presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, e às informações do Livro Bege.
Bernanke reiterou que a política monetária americana continuará "altamente acomodatícia" diante de um quadro de inflação baixa e desemprego alto. "Mais claro do que esse discurso é difícil de imaginar", disse o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, sobre os sinais dados por Bernanke.
De acordo com Gonçalves, o presidente do banco central americano mostrou que a economia recupera-se em ritmo moderado e alguns riscos diminuíram, mas há outros que podem por em xeque a recuperação em curso. "São argumentos já usados, mas colocados com clareza quase didática", comenta.
O Livro Bege, uma espécie de resumo do desempenho econômico nas 12 regiões dos EUA monitoradas pelo Fed, mostrou por sua vez que a economia americana segue crescendo em ritmo "modesto a moderado", com destaque para o mercado imobiliário.
O otimismo externo animou os investidores, especialmente os estrangeiros, a continuar na ponta compradora da Bovespa, embora o volume financeiro tenha ficado novamente abaixo da média, reflexo das férias de verão nos Estados Unidos e Europa.
Mas nem tudo são flores. Com o início da safra de balanços por aqui, começaram a pipocar relatórios mostrando que o cenário para as empresas brasileiras não é dos melhores, principalmente em função da deterioração do quadro macroeconômico.
O Goldman Sachs, por exemplo, revisou para baixo suas projeções para companhias de varejo. Para o banco, a piora nas perspectivas para a economia brasileira é uma das razões para a recente desvalorização dos papéis do setor.
O Ibovespa subiu 1,15%, para 47.407 pontos, depois de marcar máxima nos 47.710 (1,79%). O volume alcançou R$ 6,309 bilhões. Apesar de já ter andado 4,1% nesta semana, a bolsa brasileira ainda precisa subir muito mais para zerar as perdas acumuladas de 22,2% no ano até agora. No mês, o mercado está de lado, com baixa de 0,1%.
Segundo a análise técnica da Itaú Corretora, o Ibovespa está em um processo de recuperação no curtíssimo prazo, com próxima parada na importante resistência em 48.300 pontos, patamar que pode mudar a tendência de curto prazo. Do lado negativo, o índice reforça sua tendência de baixa se perder suportes nos 46.400 e 45.500 pontos, com primeiro objetivo nos 44 mil pontos.
Entre as ações de maior peso do Ibovespa, Vale PNA subiu 1,04%, para R$ 28,16; Petrobras PN ganhou 1,96%, para R$ 16,06; e OGX ON avançou 4,08%, para R$ 0,51. Bom ressaltar que, apesar de ainda manter grande representatividade na composição do Ibovespa, OGX não figurou entre as dez ações mais negociadas da bolsa ontem.
Chamou atenção, novamente, a alta mais forte das ações ONs - preferidas dos investidores estrangeiros - em relação às respectivas PNs de algumas "blue chips". Petrobras ON ganhou 2,53%, a R$ 15,35; Vale ON subiu 1,95%, para R$ 31,84; e Bradesco ON avançou 2,81%, a R$ 32,90. Já o papel PN do banco teve alta de 2,39%, a R$ 28,60, com desempenho também superior aos seu pares locais: Itaú PN (1,28%), Banco do Brasil ON (0,90%) e Santander Unit (-0,15%).
Gol PN (6,20%) liderou os ganhos do índice após divulgar sua prévia operacional de junho, com crescimento de 11% na receita líquida por passageiro.