Balanços ruins aqui e lá fora, além do fantasma da crise na Espanha, estragaram o humor dos investidores ontem. E todo o otimismo gerado nos mercados pela última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), em 13 de setembro, quando foi anunciada uma nova rodada de afrouxamento monetário, veio por água abaixo. As bolsas americanas e o Ibovespa voltaram ao patamar de 5 de setembro, anterior ao Fed. O índice brasileiro terminou aos 57.690 pontos, com baixa de 1,72% e volume de R$ 6,912 bilhões.
A terça-feira começou tensa nos mercados mundiais por causa da Espanha. Na noite de segunda-feira, a Moody"s rebaixou a nota de crédito de cinco regiões do país. Além disso, o banco central espanhol revisou a previsão para o PIB, para uma contração de 0,4% no terceiro trimestre ante o segundo e de 1,7% na comparação com igual período em 2011.
E a safra de balanços continuou decepcionando os investidores. Nos EUA, as culpadas foram Dupont e 3M, enquanto por aqui, o Itaú Unibanco levou a bronca, após seu lucro cair 11,4% no terceiro trimestre, para R$ 3,372 bilhões. O retorno sobre o patrimônio de Itaú e Bradesco retrocedeu em mais de uma década, segundo a consultoria Economatica. Itaú Unibanco PN recuou 3,17%, para R$ 28,42, com o terceiro maior giro do dia, de R$ 499 milhões. Bradesco PN teve baixa de 1,07%, cotado a R$ 31,41.
Aos poucos, o mercado está abandonando a esperança de que o terceiro trimestre mostraria uma recuperação mais consistente da economia global. "A temporada de balanços normalmente já provoca volatilidade. Como as projeções de resultado tinham sido revisadas para cima, é natural que agora as ações sofram diante de números mais fracos", observou o especialista em renda variável da Icap Brasil, Illan Besen. "As bolsas estavam próximas das máximas nos Estados Unidos, com os investidores buscando motivo para realizar."
Um ingrediente extra acentuou o nervosismo nas mesas de operação no fim do dia e atrasou o fechamento da Bovespa em 40 minutos. A bolsa anunciou a reabertura dos negócios com ações da Refinaria Manguinhos às 16h36, faltando menos de uma hora para o encerramento do pregão. A ordem veio da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que conseguiu derrubar a liminar que mantinha a negociação do papel suspensa.
Bovespa e CVM não quiseram arriscar esperar o dia seguinte - o que daria tempo para Manguinhos conseguir nova liminar. Entre o anúncio da liberação dos negócios - às 16 horas - e a reabertura efetiva foi dado um intervalo de apenas meia hora. As ações não eram negociadas desde a semana passada, quando o governo do Estado do Rio anunciou a desapropriação da refinaria. Após ficarem uma hora em leilão, Manguinhos PN perdeu 69,69%, para R$ 0,20, enquanto a ação ON se depreciou 67,85%, a R$ 0,27.