Se o cenário para a Bovespa nos últimos tempos já não era dos melhores, a situação promete ficar ainda mais difícil com o agravamento da crise financeira do Chipre. Vale lembrar que hoje é dia de reunião do Federal Reserve (Fed), o banco central americano. Tudo indica que a autoridade monetária dará uma sinalização sobre o início da retirada dos estímulos à maior economia do mundo, o que deve afetar os ânimos no mercado.
O Ibovespa testou o patamar dos 56 mil pontos que, se for perdido, pode levar a bolsa para a casa dos 55.400 pontos, o menor nível deste ano, "acendendo novamente a luz vermelha no mercado", afirma o analista gráfico da Icap Brasil, Raphael Figueredo. O índice fechou ontem em baixa de 1,07%, aos 56.361 pontos, com volume financeiro de R$ 7,010 bilhões.
O aumento da aversão ao risco nos mercados mundiais por causa da crise no Chipre juntou-se aqui à pressão vendedora sobre as ações da Vale e da CSN, o que acentuou a baixa da Bovespa. Segundo operadores, houve forte saída de investidores estrangeiros neste pregão.
Vale PNA recuou 3,88%, para R$ 32,39, enquanto a ON caiu 4,11%, para R$ 33,58. A mineradora sofreu com um relatório do Goldman Sachs, que reduziu o preço-alvo do ADR (recibo de ações negociado nos EUA) de US$ 29,30 para US$ 26,00. O banco revisou para baixo suas estimativas de preço para o minério de ferro.
Também pesou sobre a empresa as declarações de um executivo da concorrente Rio Tinto. Greg Lilleyman, presidente das operações do projeto de Pilbara, afirmou que haverá pressão sobre o preço do minério no segundo semestre em virtude do aumento das exportações da Austrália e dos sinais de desaceleração da demanda das siderúrgicas da China.
Já a CSN afundou depois que veio a informação de que a siderúrgica fez uma proposta de compra dos ativos da Thyssenkrupp no Brasil e Estados Unidos por US$ 3,8 bilhões, segundo a agência Dow Jones. O papel ON recuou 6,35%, para R$ 9,28, maior baixa do dia.
Petrobras PN (-0,52%, para R$ 19,10) também não teve um bom dia. O mercado não gostou da declaração do diretor Almir Barbassa, de que nada mudou na política de dividendos. A estatal voltará à sua antiga política em algum momento, mas Barbassa não definiu um prazo para isso.
Na contramão do mercado ficou OGX ON (1,61%, a R$ 2,51). Não houve notícias específicas sobre a empresa. As compras, segundo operadores, foram lideradas pelo J.P. Morgan e Morgan Stanley, possivelmente para cobertura de posições vendidas.
As ações de outra empresa de Eike Batista, a mineradora MMX, começaram o dia em queda de mais de 4%, refletindo o prejuízo de R$ 792,4 milhões registrado pela companhia no ano passado. A empresa afirmou que o resultado foi reflexo de baixa contábil de um projeto no Chile. O papel terminou em baixa de 0,94%, a R$ 3,16.
Além de CSN e Vale, a lista de maiores baixas do dia trouxe MRV ON (-5,61%), Marfrig ON (-4,21%) e B2W ON (-4,15%). Na outra ponta apareceram Natura ON (2,44%), Oi ON (1,58%) e CCR ON (1,55%), cujo balanço agradou ao mercado.