País tem nova queda em ranking de eficiência econômica e passa a ocupar a 46ª posição entre 59 países
A perda, pelo Brasil, de oito posições no ranking internacional de competitividade nos últimos três anos serve de alerta ao governo. Se de um lado houve sensível melhora no nível do emprego, o investimento internacional teve forte deterioração, conforme revelou ontem o Índice de Competitividade Mundial 2012. Na avaliação geral, o país caiu duas posições em relação ao último levantamento anual, passando a ocupar a 46ª posição na lista geral, de 59 países. Mas a situação já foi pior: em 2010, estava no 38º lugar e, no ano seguinte, despencou para o 44º. Na edição de 2012 do estudo, que é publicado desde 1989, Hong Kong, Estados Unidos e Suíça figuram como as economias mais competitivas.
O relatório do Instituto Internacional para o Desenvolvimento da Administração (IMD, na sigla em inglês), da Suíça, desenvolvido em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), de Belo Horizonte, mostra também que o Brasil consolidou a ruptura de uma série de avanços acumulados desde 2007. “O crescimento econômico do Brasil continuará a depender da melhora da produtividade da indústria, ainda muito protegida da concorrência externa. Não por acaso, as exportações de commodities continuam sendo o destaque, ao contrário dos manufaturados”, comentou o português Nuno Fernandes, professor de finanças do IMD.
A classificação estatística, que abrange 331 indicadores, divididos em quatro grupos — desenvolvimento econômico, eficiência governamental, eficiência de negócios e infraestrutura —, também destaca negativamente os quesitos produtividade e preços. Fernandes acha que os dados podem ser usados para orientar planos de investimento público e privado, além de balizar decisões de política econômica e favorecer a análise da competitividade em escala global. Nesse sentido, o investimento internacional foi um dos pilares que mais piorou na medida brasileira, feita pela FDC. No relatório de 2011, o país ocupava a 19ª posição e, ano passado, atingiu a 30ª.
Na contramão dos poucos avanços de competitividade doméstica — cinco posições no emprego, subindo para o 6º lugar, e na infraestrutura, subindo seis posições, para o 45º lugar —, o Brasil desceu mais quatro degraus no ranking de preços, depois de já ter recuado 12 na apuração de 2011. Com preços mais caros, o Brasil ocupou em 2012 a 55ª posição nessa análise, ante a 51ª do ano anterior.
» Perda de produtividade
O levantamento do Instituto IMD sobre a competitividade internacional alerta para os efeitos sobre a economia da forte perda de produtividade e eficiência nos últimos anos. Historicamente, o país apresentava bom desempenho no estudo, mas perdeu 24 posições em 2011, passando a ocupar o 52º lugar nesse quesito, dado ainda mantido. Segundo Carlos Arruda, professor da FDC e responsável pela análise dos dados da pesquisa no Brasil, a piora acumulada desde 2010 deve-se à combinação de frágil crescimento econômico doméstico, baixa produtividade industrial e pressões inflacionárias.