Londres — A economia brasileira está hoje mais bem preparada do que no passado para enfrentar choques externos e deverá alcançar, neste ano, o crescimento de 2,5% previsto pelo Banco Central, disse ontem o presidente da instituição, Alexandre Tombini. Segundo ele, apesar dos números fracos da primeira metade do ano, o país vai se expandir, no segundo semestre, a uma taxa anualizada de 4%, ou acima disso. "Temos fontes domésticas que dão suporte a essa velocidade", assegurou.
Em entrevista à agência Reuters, o presidente do BC considerou que, apesar da persistência da crise na Zona do Euro, a possibilidade de ocorrer um "evento extremo" diminuiu, nos últimos seis meses, em função das medidas para fortalecer o setor bancário. Ele disse que não vê risco de a inflação fugir da meta de 4,5% neste ano ou em 2013, embora tenha admitido que a elevação global do preço dos alimentos, devido aos problemas climáticos nos Estados Unidos, constitui um choque de oferta que precisa ser monitorado. "Teremos que avaliar se isso pode ser temporário ou pode permanecer por mais tempo", observou.
Na avaliação de Tombini, os preços internos também não deverão ser muito afetados pela desvalorização do real, que já alcançou cerca de 8% neste ano, pois o nível de influência do câmbio na inflação diminuiu nos últimos tempos. Ele reiterou o compromisso do governo com o sistema de câmbio flutuante, mas advertiu que o BC continuará intervindo sempre que constatar que o mercado não esteja funcionando de maneira apropriada. O presidente do BC afirmou ainda que o país vai continuar acumulando reservas, apesar da baixa rentabilidade hoje obtida com a aplicação desses recursos no exterior.