A lenta recuperação dos Estados Unidos serviu de mote para uma alta nos mercados de ações globais, movimento seguido pelo Ibovespa no pregão de ontem. O principal índice da Bovespa fechou com valorização de 0,66%, em 62.194 pontos, depois da divulgação de uma bateria de indicadores americanos mais positivos que negativos.
Às 11h30, os EUA soltaram dois indicadores que vieram acima das expectativas: as construções de casas subiram 12,1% em dezembro, ante previsão de alta de 3,4%, e os pedidos de seguro-desemprego caíram em 37 mil, para 335 mil na semana encerrada em 12 de janeiro. A previsão era queda para 370 mil.
Às 13 horas, no entanto, saiu o índice de atividade do Federal Reserve (Banco Central) da Filadélfia. Houve queda para -5,8 pontos em janeiro, de 4,6 pontos em dezembro (dado revisado). O resultado veio bastante abaixo da projeção de economistas ouvidos pela "Dow Jones Newswires", que esperavam leitura de 5 pontos.
Na soma, os investidores preferiram olhar para o lado mais positivo desse conjunto e compraram ações. Em Nova York as ações subiram, levando o S&P 500 para a maior alta em cinco anos.
O dado de construções de casas, segundo o estrategista de renda variável do HSBC, Carlos Nunes, foi relevante porque ficou acima da média sazonal para o mês e mostra recuperação a cada divulgação. "Indica que a economia dos Estados Unidos começou a sair do piso e os investidores já acreditam em fundamentos melhores para o país."
A sombra das discussões sobre o teto do abismo fiscal, no entanto, continua pairando sobre o mercado. "É um fato que a economia dos EUA está melhorando", diz o gestor da Evergreen Investimentos Pedro Alceu Cardoso. "Mas a questão tem sido muito mais política que econômica", continua, lembrando que, apesar da alta, os mercados seguem com "a espada da discussão sobre o aumento do teto da dívida na cabeça".
Cardoso faz coro com outros especialistas que veem uma saída positiva para a questão do teto da dívida, mas o mercado insiste em travar antes de alguma decisão. Um dos motivos que estariam adicionando estresse a essa discussão é a divisão no Congresso americano. O equilíbrio de forças tem tornado as soluções mais difíceis, apesar do cenário mais positivo. "Vamos ver se os republicanos não acabam com a recuperação por lá na discussão sobre o teto da dívida e abismo fiscal", alertou em nota o estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala. "A volatilidade deve continuar por mais algum tempo", complementa Nunes, do HSBC.
Nas blue chips, Vale PNA subiu 0,17%, para R$ 39,75; Petrobras PN caiu 0,65%, para R$ 19,71; OGX ON perdeu 4,03%, para R$ 4,99; Itaú PN teve valorização de 1,69%, para R$ 35,94; e Bradesco PN subiu 1,65%, para R$ 38,11.
As ações da Marfrig lideraram as altas do Ibovespa, com ganho de 7,11%, para R$ 9,64. Os papéis reagiram à confirmação, pela empresa, de que foi bem sucedida na captação de US$ 600 milhões em títulos de crédito de longo prazo, com vencimento em julho de 2017.
Já as ações da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) caíram 3,69%, para R$ 11,98, após a empresa anunciar interesse por ativos da ThyssenKrupp.