Organismo da ONU coloca o Brasil nas últimas posições em ranking de expansão econômica
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), da Organização das Nações Unidas (ONU), anunciou ontem que rebaixou de 3,5% para 3% a previsão de crescimento do Brasil em 2013. A entidade afirmou ainda que a lenta recuperação da economia brasileira está prejudicando o desempenho dos países da vizinhança; por isso, também reduziu, de 3,8% para 3,5%, a estimativa de expansão da região neste ano. A frustração com os resultados da indústria e do comércio, em fevereiro, e a possibilidade de o Produto Interno Bruto (PIB) ter registrado alta abaixo de 1% no primeiro trimestre colocaram a Bandeira verde e amarela na entre as últimas em uma lista de 33 nações avaliadas pelo organismo.
Segundo a Cepal, o país ficou na 21ª posição no ranking de expansão da atividade produtiva, à frente apenas de economias mais fracas, como Jamaica, Bahamas e Trinidad e Tobago. O melhor desempenho do ano ficará com o Paraguai, que deverá crescer 10%, depois de ter amargado uma recessão de 1,2% em 2012. Para Carlos Mussi, diretor do escritório da Cepal no Brasil, a projeção para a economia brasileira está de acordo com o padrão de crescimento observado no país no primeiro trimestre do ano e com as revisões feitas por outros organismos multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), que também rebaixou as estimativas de crescimento global neste ano.
Frustração
“Boa parte da reavaliação do Brasil se deve aos maus resultados do primeiro trimestre. O desempenho da indústria foi ambíguo: o setor cresceu forte em um mês, mas caiu no período seguinte. O comércio exterior também está fraco. Com tudo isso, decidiu-se revisar os números”, explicou Mussi. Pela avaliação do diretor, a taxa de crescimento prevista para 2013 ainda é consistente com o nível de inflação do país, sobretudo depois do início do processo de aperto monetário que tirou a taxa básica de juros do piso histórico de 7,25% ao ano, elevando-a para 7,50%. “A estimativa também está em linha com o crescimento esperado para outros países da região. As pessoas esquecem que o mundo está evoluindo muito pouco e, por isso, os números do Brasil e da região são razoáveis”, disse.
Para garantir um crescimento mais robusto e subir no ranking, o Brasil precisa investir mais, lembrou Carlo Mussi. “A palavra-chave é investimento. Se ele aumentar, o país também avança”, ponderou. A Cepal destacou ainda que o cenário global turbulento, a crise do euro e outras incertezas externas podem reduzir a demanda por produtos da região, prejudicando a balança comercial, sobretudo dos países que dependem fortemente, como o Brasil, das vendas de soja, metais e outros itens para a China.
O país oriental tem diminuído o ritmo de expansão da atividade e pode terminar o ano com uma taxa ao redor de 7%, o que seria prejudicial para as nações emergentes. “Como resultado, a demanda pelas principais commodities de exportação deve desacelerar, conduzindo a acordos menos favoráveis de comércio do que nos anos anteriores”, afirmou o estudo da entidade.
» No fim da fila
Crescimento do Brasil fica atrás do projetado para a maioria dos países da América Latina
Previsão para 2013 - Em %
1 Paraguai 10,0
2 Panamá 8,0
3 Peru 6,0
4 Haiti 6,0
5 Nicarágua 5,0
6 Chile 5,0
11 Uruguai 3,8
12 México 3,5
16 Argentina 3,5
21 Brasil 3,0
28 Venezuela 2,0
33 Jamaica 0,4
Fonte: Cepal