Nem bolsa nem renda fixa. Quem brilhou em novembro foram as moedas. O dólar comercial liderou a corrida dos investimentos, com valorização de 4,98% em relação ao real no mês passado, cotado a R$ 2,131. Na segunda posição, ficou o euro, que subiu 3,97% ante a moeda brasileira. Esse movimento, é claro, deu força aos fundos cambiais, que acumulavam ganho médio de 2,26% em novembro (até o dia 27).
O investidor, contudo, não deve se animar com o desempenho da moeda americana, segundo analistas consultados pelo Valor. O consenso é de que o mercado de câmbio continuará sendo acompanhado com lupa pelo Banco Central (BC), que pode intervir - seja no mercado à vista ou futuro, com swaps cambiais (reversos e tradicionais) -, limitando movimentos mais abruptos. Ou seja, o investidor pode ser pego na contramão. Para Luiz Eduardo Portella, sócio-gestor da Modal Asset Management, a perspectiva ainda é de depreciação da moeda americana, mas a passos lentos. "O dólar vai continuar mudando de patamar para cima. Acreditamos em um movimento grande, mas de forma gradual", afirma.
Para Walter Maciel, da Quest Investimentos, o dólar já se aproximou do que seria "um teto" estabelecido pelo governo, o que limita o espaço para uma nova rodada de depreciação. Como vê uma melhora do cenário externo, com um pouco mais de apetite dos investidores pelos chamados ativos de risco, a tendência natural seria de uma pequena apreciação do real. "O dólar pode descer até os R$ 2,00, mas não muito mais do que isso, porque o Banco Central não vai deixar. O governo tem essa ideia de manter o dólar fraco para estimular os exportadores", diz.
O investidor pessoa física não deve ver o dólar como uma alternativa de investimento, apesar da alta recente, ressalta a superintendente de investimentos do banco Santander, Sinara Polycarpo. Só deve mexer com dólar quem terá compromissos futuros na moeda americana, como viagens ao exterior. "O dólar subiu quase 15% este ano, e quem tinha compromisso e não se protegeu sofreu bastante. Por isso, é importante estar atento", afirma.
Depois do dólar e do euro, o melhor investimento em novembro foi o ouro, com alta de 3,82%.
No mundo dos fundos de investimento, as carteiras de renda fixa devem ter fechado novembro - segundo estimativas da Associação Nacional das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) - com ganhos de 0,61%. Trata-se de um desempenho bem inferior ao de outubro, quando apresentaram rentabilidade de 0,88%. Mesmo assim, os fundos de renda fixa superaram a variação de 0,54% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI) - referência para aplicações conservadoras - em novembro.