Alguns detalhes sobre a mudança na remuneração da caderneta de poupança que foram surgindo ao longo da tarde de ontem, antes do anúncio oficial por parte do ministro da Fazenda, Guido Mantega, provocaram um movimento de realização de lucros no mercado de câmbio. Tesourarias de bancos e fundos de investimento, que compraram a divisa dos EUA mais cedo em reação ao dado fraco de produção industrial no Brasil, que em tese abriria espaço para novos cortes da taxa básica de juros, a Selic, passaram a ofertar a moeda no mercado à tarde, num movimento para embolsar ganhos recentes. Convém lembrar que o movimento ocorreu após o dólar atingir na 4ª feira seu maior valor desde 17/7/2009, de R$ 1,9210.
Em consequência, o dólar virou para o campo negativo na sessão vespertina, ontem, e o volume de negócios manteve-se firme. Apesar de o dólar ter renovado as mínimas várias vezes até o fechamento, o BC não fez leilão de compra, pela 3ª vez seguida, Assim, o dólar à vista fechou na mínima do dia, a R$ 1,9150 (-0,31%) no balcão, depois de subir pela manhã até 0,78%, a R$ 1,9360.
O mercado de juros também teve seu ritmo ditado pela expectativa em torno das alterações no investimento mais popular do País, que a partir de hoje, para novas aplicações, terá sua rentabilidade limitada a 70% da Selic mais a variação da Taxa Referencial (TR) toda vez que o juro básico cair para 8,50% ou abaixo deste patamar. Caso contrário, vale a regra antiga, de 0,5% ao mês mais Taxa Referencial (TR). Com isso, as taxas futuras tiveram leve queda, uma vez que houve antecipação à mudança da poupança no pregão de quarta-feira. No fim da sessão de ontem, as taxas curtas indicavam a Selic em 8,25% no fim deste ano, com um corte adicional de 0,5 ponto porcentual no encontro de maio do Comitê de Política Monetária (Copom) e outro de 0,25 ponto em julho. Alguns economistas, contudo, foram além, ao revisarem suas projeções para uma taxa básica de 8% no fim de 2012. O contrato de juro para janeiro de 2013 terminou em 8,11%, de 8,15% na véspera, e o contrato para janeiro de 2014 ficou em 8,52%, de 8,54%.
Na Bovespa, as mudanças na poupança tiveram efeito pontual, sobretudo nos papéis das construtoras - que lideraram os ganhos - e dos bancos - que terminaram em queda. Mas o Ibovespa caiu 0,51%, aos 62.104,15 pontos, principalmente pela influência negativa das bolsas no exterior. Dados do setor de serviços dos EUA piores que o esperado ofuscaram números positivos do mercado de trabalho.