Para o Escritório de Estatísticas Nacionais, que ontem divulgou o crescimento de 1% do PIB britânico no terceiro trimestre, a Olimpíada cumpriu seu papel, ainda que os próprios técnicos digam que não conseguem quantificar o real efeito do evento na economia.
A venda de bilhetes para os eventos teria contribuído com a expansão de 0,2% no PIB. Na prática, 20% do crescimento britânico nesse período veio de um só evento, que resgatou em parte a moral da população e viu os ingleses lotarem arquibancadas e festejar medalhas até em modalidades esportivas obscuras.
Mas nem todos concordam com essa avaliação, em parte porque as entradas foram vendidas durante todo o ano. A própria avaliação do Escritório de Estatísticas é de que não há "evidências diretas" do impacto dos Jogos na geração de emprego. Mas se admite que o evento teve "certo impacto" em setores específicos.
Hotéis e restaurantes tiveram expansão de 1,6% em suas atividades, o que contradiz as queixas de que a cidade estava vazia durante o evento. O setor de transporte cresceu 0,8%, e os serviços do governo aumentaram 1%.
Mas com a zona do euro em dificuldades e até a Alemanha afetada pela crise, a perspectiva é de que as empresas inglesas continuarão a ter dificuldades para exportar. Internamente, a política de austeridade deve levar a população a manter o consumo doméstico em retração.
Entre outubro e dezembro, a expansão deve ser de apenas 0,3%, bem abaixo da marca divulgada ontem. "Com o efeito dos Jogos Olímpicos ficando cada vez mais para trás, existe até o risco de nova contração no quarto trimestre", alertou Vicky Redwood, economista-chefe da Capital Economics.