Moeda americana recua 1,12%, a R$ 2,278. Bovespa sobe quase 1%
Dados positivos da balança comercial chinesa e mais um leilão de dólares feito pelo Banco Central (BC) fizeram o dólar engatar o sexto dia consecutivo de queda frente ao real. A moeda americana encerrou ontem negociada a R$ 2,278, queda de 1,12%. É a cotação mais baixa desde o dia 9 de agosto, quando a divisa fechou a R$ 2,274. Na máxima do dia, o dólar chegou a R$ 2,308 e na mínima, a R$ 2,274.
O real seguiu o movimento de outras moedas de países fornecedores de commodities, que se valorizaram após a China anunciar superávit comercial de US$ 28,52 bilhões em agosto, alta de 8,4% na comparação anual e a maior leitura do ano. Na Bolsa, o Ibovespa, índice de referência, subiu 0,93%, aos 54.251 pontos, puxado pela alta de 2,7% das ações PNA dá Vale, e da valorização de 2,3% dos papéis PN da Petrobras. Entre as demais ações mais negociadas do Ibovespa, OGX Petróleo ON caiu 17,3% (a R$ 0,43); Itaú Unibanco PN subiu 2,8%, e Brades-co PN avançou 2,93%.
— Os bons dados da balança comercial da China foram positivos para a Bovespa. Mas a queda acentuada das ações da OGX acabou atrapalhando uma alta mais expressiva do índice — diz Pedro Galdi, estrategista da corretora SLW.
FOCUS VÊ NOVAS ELEVAÇÕES DE JUROS
Segundo analistas, há um movimento, sobretudo de fundos de investimento estrangeiros, de desmonte de posições "compradas" em dólar (que apostavam na alta da moeda americana). Ontem, o BC fez mais um leilão de swap cambial tradicional (operação que eqüivale a uma venda de dólares no mercado futuro) e vendeu US$ 497,6 milhões.
Nos EUA, os principais índices fecharam em alta. O S&P 500 subiu 1%; o Dow Jones, 0,94%; e o Nasdaq, 1,26%.
As instituições financeiras do Brasil, ouvidas na pesquisa semanal Focus do BC, aumentaram sua estimativa para a taxa básica de juro (Selic) em 2013, de 9,5% para 9,75% ao ano. A previsão para a inflação no ano ficou um pouco mais baixa em relação à da semana anterior: o IPCA deve encerrar 2013 a 5,82%, segundo a mediana das projeções, ante 5,83%. Para 2014, a previsão subiu de 5,84% para 5,85%. Também houve revisão de estimativa de variação do Produto Interno Bruto (PIB). As instituições pesquisadas aumentaram a projeção de 2,32% para 2,35%. Para 2014, a taxa prevista caiu de 2,30 para 2,28%.
Hoje, a Selic está em 9% ao ano. O maior aperto monetário esperado para 2013 se deve, principalmente, à ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom), divulgada na semana passada. Foram dados sinais claros de que os juros devem continuar a subir, para que a inflação seja debelada.
— Na ata, o BC não deu qualquer indicação de que haverá redução no ritmo do aumento dos juros — disse o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, acrescentando que, no mercado, trabalha-se com a possibilidade de mais duas elevações, uma de 0,50 ponto percentual e outra de 0,25 ponto.
BONS SINAIS DA ÁSIA
Pela pesquisa, o dólar deve fechar 2013 cotado a R$ 2,36, a mesma estimativa da semana passada. Para 2014, a previsão segue em R$ 2,40. Já a estimativa para o superávit comercial neste ano foi reduzida de US$ 3 bilhões para US$ 2,5 bilhões. Em 2014, a previsão é de um aumento de, US$ 8 bilhões para US$ 10 bilhões.
O Focus também ampliou sua projeção de saldo negativo em transações correntes, de US$ 77 bilhões para US$ 78 bilhões este ano e manteve a estimativa de déficit em US$ 78,9 bilhões em 2014. O investimento estrangeiro direto, diz a pesquisa, deverá ser de US$ 60 bilhões em 2013 e 2014, mesmas estimativas da semana anterior.
Além das exportações chinesas, que subiram 7,2% em agosto — superando as projeções de analistas e apontando para uma recuperação da segunda maior economia do mundo.—, a revisão do PIB anualizado do Japão no segundo trimestre, de 2,6% para 3,8%, também animou os investidores. Na China, a divulgação do índice de inflação também foi saudada pelo mercado, que considerou os 2,6% em agosto como um sinal de que os preços estão sob controle.