As contas externas do Brasil tiveram forte deterioração no primeiro trimestre, com déficit recorde de US$ 24,9 bilhões, equivalente a 4,31% do PIB. A piora está relacionada, principalmente, ao fraco desempenho do Brasil no comércio exterior, que teve queda nas exportações e aumento das importações. A entrada de Investimentos Estrangeiros Diretos, que servem para financiar o rombo nas transações com outros países, caiu para R$ 13,3 bilhões e deixou de cobrir o déficit, o que não ocorria desde 2010.
As contas externas brasileiras apresentaram forte deterioração no primeiro trimestre do ano, com déficit recorde de US$ 24,9 bilhões, equivalente a 4,31% do Produto Interno Bruto (PIB).
Os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED), voltados para a produção, não foram suficientes para cobrir o rombo, o que não ocorria desde novembro de 2010. De longo prazo, os investimentos em produção são considerados os ideais para financiar o déficit externo. No primeiro trimestre, o IED ficou em US$ 13,3 bilhões, o equivalente a 2,3% do PIB.
A piora nas contas externas está relacionada, principalmente, ao fraco desempenho do Brasil no comércio exterior, que teve queda nas exportações e aumento das importações. A balança comercial, no vermelho, respondeu por 60% do aumento do déficit. A elevação das remessas de lucros e dividendos contribuiu com 27%.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, disse que a queda das exportações no primeiro trimestre reflete a recuperação mais lenta da economia global e o atraso nas vendas de soja. E a alta nas importações está relacionada, principalmente, ao atraso no registro de compras de combustíveis e lubrificantes pela Petrobrás, segundo números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Perfil. Segundo Maciel, os resultados da balança comercial e das remessas de lucros estão associados ao momento da economia. "Há outro ritmo de crescimento econômico e isso traz implicações nas contas externas/" Ele afirmou também que o déficit tem perfil distinto daquele observado na década de 1990. "Hoje, o principal componente não é a taxa de juros, e sim, a remessa de lucros e dividendos.""
O estrategista-chefe do banco WestLB do Brasil, Luciano Rostagno, disse que o IED insuficiente para cobrir o déficit "acende a luz amarela no mercado". Para Rostagno, trata-se de um desequilíbrio que, no curto prazo, não traz conseqüências graves, uma vez que se espera que o governo tente reverter essa tendência mais à frente.
O economista da Rosenberg 8c Associados Rafael Bistafa afirmou que o IED inferior ao déficit mostra que a modalidade de financiamento se deteriorou um pouco e será necessário contar com outras, como captações de empresas em ações, renda fixa e empréstimos estrangeiros. Na estimativa do BC, o rombo externo este ano será de U8$ 67 bilhões e o ingresso de investimentos de US$ 65 bilhões.
Os dados do BC também mostraram déficit recorde para meses de março (US$ 6,9 bilhões) e em 12 meses (US$67 bilhões).
Este número representa 2,91% do PIB, pior resultado desde 2002. A projeção para abril é de um déficit de US$ 6,4 bilhões, novamente acima do IED, que deve ficar em US$ 4,7 bilhões. Os gastos de brasileiros no exterior, que também contribuem para o déficit externo, bateram recorde para março (US$ 1,9 bilhão) e para o primeiro trimestre (US$ 6 bilhões, alta de 12%).