O dólar fechou ontem com aumento de 0,64%, cotado a R$ 2,05. Essa é a maior cotação alcançada pela moeda americana em relação ao real desde o dia 26 de dezembro. A valorização, verificada também no exterior, foi atribuída a uma reação ao discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, e também à ata do BC dos Estados Unidos, que abriram espaço, embora de forma ainda bastante vaga, para a redução dos estímulos à economia americana nos próximos meses.
Em seu discurso, Bernanke defendeu os estímulos monetários do Fed, ao mesmo tempo em que admitiu a possibilidade de uma redução nas compras de bônus nos próximos meses. Porém, frisou que a decisão vai depender dos próximos indicadores. "Se observarmos uma melhora continuada no mercado de trabalho e tivermos a confiança de que ela será sustentável, poderemos, nas próximas reuniões, reduzir o ritmo das compras (de ativos)", comentou (leia mais na página B10).
Os comentários de Bernanke fizeram o dólar avançar de forma consistente ante o euro, o iene japonês e outras moedas de países com elevada correlação com commodities, como o dólar australiano, o dólar canadense e o dólar neozelandês.
Chamou a atenção, porém, o fato de a alta em relação ao real ter sido menor na comparação com as outras moedas. Profissionais ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, disseram que a possibilidade de intervenção do Banco Central - possivelmente por meio de swap cambial tradicional (equivalente à venda de dólares no mercado faturo - contribui"para conter o avanço da moeda estrangeira no mercado avista de balcão.
O fluxo diário de recursos, positivo, também serviu para conter o avanço do dólar. "O receio de atuação do BC existe e o mercado fica comentando. Mas o pessoal também vê o fluxo mais positivo de dólares e vai vendendo (moeda)", comentou um profissional da mesa de câmbio de um grande banco brasileiro, que não quis se identificar.
Pela manhã, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel, informou que o fluxo cambial esta positivo em US$ 8,769 biIhões em maio até dia 20. As operações financeiras responderam por uma entrada líquida de US$ 284 milhões, enquanto o saldo comercial ficou positivo em US$ 8,485 bilhões no período.
Valorização
Com o avanço de ontem - o sexto nos últimos sete dias - o dólar acumula uma valorização de 2,45% em maio. No acumulado do ano, porém, o aumento é mais modesto, de 0,29%. Nas últimas sete sessões, a moeda recuou ante o real apenas na segunda-feira, e, mesmo assim, apenas 0,05%.
No mercado futuro da BM&FBovespa,, o dólar para junho era cotado ontem a R$ 2,0540, em alta de 0,39%.